A Cartilha do PT

O partido tornou a corrupção prática corrente, transformou o assalto ao Estado em método de gestão e dispensou a bandidos de carteirinha o tratamento de deuses

Lula não tem dúvidas sobre o episódio que resultou na prisão do líder do governo da presidente Dilma no Senado: foi uma “burrada“. Não tivesse a trama urdida por Delcídio Amaral junto ao advogado de Nestor Cerveró sido flagrada, gravada e exemplarmente punida, é possível que o ex-presidente petista e seus comandados dispensassem ao senador tratamento bem distinto, o de herói.

O líder do governo no Senado não terá o mesmo destino de outros tantos petistas apanhados nos muitos escândalos de que o partido foi protagonista nos últimos anos. Não será um dos “guerreiros do povo brasileiro”. Simplesmente porque seu plano não deu certo. Tivesse conseguido silenciar Cerveró e tirá-lo do país numa fuga espetacular, teria feito o serviço dos sonhos dos petistas mais estrelados.

Não se viu até agora nenhuma voz petista se insurgir contra a afronta e o escárnio que a atitude do líder da presidente Dilma no Senado representa. Não se viu do governo que até anteontem ele representava no Congresso – e do qual tinha carta branca para agir – nenhuma manifestação pública repudiando sua iniciativa. O partido ao qual serviu nos últimos 15 anos apenas lavou as mãos.

Na nota que divulgou sobre o assunto, o PT diz que as tratativas de Delcídio não tinham “qualquer relação com sua atividade partidária”. Do que se depreende que todos os demais petistas apanhados em flagrante delito – ou seja, roubando recursos públicos, como ficou claro no mensalão e fica cada dia mais evidente no petrolão – atuavam em nome da causa partidária.

Relembrando: o PT tem dois ex-presidentes – um deles duplamente preso – e um ex-tesoureiro condenados por corrupção ativa; um ex-presidente da Câmara condenado por corrupção passiva e peculato. Tem um ex-dirigente condenado e preso por lavagem de dinheiro. Tem também encarcerado aquele que cuidou das finanças da campanha da atual presidente da República.

Vira e mexe, estes presidiários são saudados publicamente por petistas em suas celebrações partidárias. Na semana passada mesmo, ganharam faixas laudatórias estendidas em encontro da juventude petista ao qual Lula compareceu. O ex-presidente não apenas não os repreendeu pela atitude, como deu aos petistas mirins uma aula de como distorcer a realidade. É esta a cartilha pela qual reza o PT.

A experiência de 13 anos de governo petista vai deixando um legrado deplorável para o país. Assistimos não apenas a depauperação do Brasil, com a erosão diária das condições de vida da população. A maior vítima das atitudes petistas é a ética. O partido passará para a história como quem tornou a corrupção prática corrente, transformou o assalto ao Estado em método de gestão e dispensou a bandidos de carteirinha o tratamento de deuses.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

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JORGE RORIZ