MINISTÉRIO NA PAPUDA

O PT e o governo querem transformar Lula em ministro de Estado com único intuito de livrá-lo do risco iminente de prisão. Melhor confissão de crime não poderia haver

As investigações em torno da organização criminosa que há mais de uma década vem sangrando o país – e que nos conduziu à maior crise política, ética e econômica da nossa história – deram passos decisivos ontem. A lista de irregularidades que exibe o nome de Luiz Inácio Lula da Silva à frente pode estar começando a ser punida.
O ex-presidente foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Segundo as alegações, Lula ocultou patrimônio na forma de seu lauto tríplex à beira-mar, reformado e equipado de mimos por uma das empreiteiras mais ativas do petrolão. Os promotores não têm dúvida de que o petista é o verdadeiro dono da cobertura. A esposa de Lula e um de seus filhos também foram denunciados.
O tríplex é o primeiro item da lista em que as investigações avançam. Ainda há o sítio de Atibaia (SP), as palestras misteriosas (porque nunca vistas), a negociação de medidas provisórias, os contratos milionários de seus filhos em troca de consultorias chinfrins, os imóveis onde a família Lula da Silva viveu a vida inteira de favores e até os contêineres lotados de sabe-se lá que tipo de presentes que o ex-presidente mantém, até pouco tempo atrás bancado por empreiteiras.
Sobre este rol de irregularidades, os investigados não são capazes de balbuciar qualquer explicação decente. De sua parte, o PT e o governo já dispõem de resposta: querem transformar Lula em ministro de Estado com único intuito de livrá-lo do risco iminente de prisão. Melhor confissão de crime não poderia haver. Inevitável lembrar frase dita por Lula em 1988: “Quando um pobre rouba, vai para a cadeia. Rico quando rouba vira ministro”.
A simples cogitação de tornar Lula ministro de Estado também denota o estágio terminal em que se encontra o governo de Dilma Rousseff. Com ele no ministério, a presidente se tornaria definitivamente uma peça figurativa, um fantasma, um poste sem lâmpada. Provavelmente, contudo, não haverá tempo hábil para isso: o impeachment ou a cassação a esperam.
No caso de Lula, as punições que podem advir das investigações do Ministério Público de São Paulo ou da Operação Lava Jato são respostas àqueles que, do alto de seu poder, acreditam que tudo podem. São, também, um revide aos que colocam seus interesses particulares acima dos coletivos – basta citar, no caso específico, que os demais condôminos fraudados pela Bancoop, a responsável original pela obra no Guarujá, foram deixados à míngua, enquanto Lula ganhou de presente uma reforma de R$ 1 milhão.
O ex-presidente ainda está apenas na condição de denunciado. O próximo passo, uma vez aceita a denúncia, é torná-lo réu. Julgado, pode ser condenado e passar uma temporada atrás das grades. Se os petistas insistirem em torná-lo ministro do governo de Dilma, Lula pode inaugurar uma nova modalidade de ministério: aquele que funciona atrás das grades.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela.

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JORGE RORIZ