Nem Papai Noel salva o emprego

Numa época do ano em que lojas e fábricas deveriam estar em plena contratação, os motores estão sendo desligados e mais gente está sendo posta na rua

O desemprego continua a ser a manifestação mais notável do caos social que assola o país na esteira da crise econômica. Numa época do ano em que lojas e fábricas deveriam estar em plena contratação, os motores estão sendo desligados e mais gente está sendo posta na rua. Tão cedo não há perspectiva de melhora.

A taxa de desemprego de setembro foi a mais alta para o mês desde 2009. Em termos percentuais, os 7,6% registrados pelo IBGE representam estabilidade em relação a agosto. Infelizmente, porém, é enganosa a conclusão de que, sem repetir a elevação recorrente nos oito meses anteriores, o pior poderia estar passando.

O que à primeira vista pode parecer positivo, de fato não é. Nesta época do ano, começam a ocorrer contratações temporárias relacionadas ao movimento de fim de ano na indústria e no comércio, e a taxa costuma cair. Não foi o que ocorreu. Com a perspectiva de um Natal magro, parece que o desemprego só vai ceder por obra de Papai Noel.

Pelos critérios do IBGE, 41 mil postos de trabalho foram fechados em setembro. Por que, então, a taxa não subiu? Porque quase a mesma quantidade de pessoas deixou a população ativa e/ou deixou de procurar trabalho. Ou seja, é o desalento que impede a situação de apresentar-se com cores ainda mais dramáticas.

De todo modo, na comparação com um ano antes houve forte aumento da taxa. Em setembro de 2014, o desemprego estava em 4,9%. Isso significa que nos últimos 12 meses o exército de desempregados ganhou 670 mil novos soldados, com aumento de 57%. O salto em apenas um ano é o maior já medido pela pesquisa do IBGE, cuja série começa em 2002.

Mas a deterioração será muito mais severa. O número de desempregados no país inteiro deve passar de 6,7 milhões em 2014 para 11,4 milhões em 2016, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas citado hoje por Miriam Leitão. Já está em 8,6 milhões.

A previsão corrente é de que o desemprego alcance 10% até o fim do ano que vem. Isso significa que, em pouco mais de dois anos, a taxa terá dobrado no país. Algum recuo só aparece no horizonte a partir do primeiro trimestre de 2017. E olhe lá.

Não só o emprego mingua, como também o rendimento dos que conseguem manter sua ocupação diminui. A queda na renda média foi de 4,3% em relação a um ano atrás. O nível médio de rendimentos já é o menor para o mês de setembro desde 2011.

Até agora o máximo que o governo conseguiu esboçar para fazer frente à escalada do desemprego foi criar um programa de “proteção” que reduz a jornada de trabalho e os salários em até 30%. A adesão tem sido baixa e o universo elegível é bastante limitado – 50 mil trabalhadores. Isso equivale ao total de empregos eliminados no país em apenas um par de semanas. De braços cruzados, a gestão petista assiste a crise se alastrar.

Fonte:  Instituto Teotônio Vilela

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JORGE RORIZ