11 de agosto- Dia histórico em defesa da Democracia e das urnas eletrônicas do Brasil

Juristas, empresários e movimentos sociais se unem na leitura de cartas em defesa da democracia
A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”, que recebeu mais de 900 mil assinaturas, foi lida nesta quinta-feira no Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Mais cedo, outro manifesto, articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em conjunto com centrais sindicais e outros setores da sociedade civil, foi lido no Salão Nobre da faculdade. Além da leitura, representantes de diversas entidades discursaram em um tom crítico ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, rebateu dizendo: “a democracia não pertence a ninguém”.
“Não há a menor dúvida que a solução para os problemas do país passa necessariamente pela presença do Estado de Direito, pelo respeito às instituições e apoio irrestrito às manifestações pacíficas, à liberdade de expressão e ao processo eleitoral.”
O Congresso Nacional sempre será o guardião da democracia e não aceitará qualquer movimento que signifique retrocesso e autoritarismo. (+)Não há a menor dúvida que a solução para os problemas do país passa necessariamente pela presença do Estado de Direito, pelo respeito às instituições e apoio irrestrito às manifestações pacíficas, à liberdade de expressão e ao processo eleitoral.” Rodrigo Pacheco

“Defender a democracia é defender o direito a uma alimentação de qualidade, a um bom emprego, salário justo, acesso à saúde e educação. Aquilo que o povo brasileiro deveria ter. Nosso país era soberano e respeitado. Precisamos, juntos, recuperá-lo. ”

“Precisamos ter em nossos corações o inconformismo com a miséria, com a pobreza e a fome em nosso país. Quero ajudar o Brasil a restabelecer a democracia e recuperar qualidade de vida para o nosso povo. Vamos juntos reconstruir o Brasil! Boa noite.”
LULA.

“Estado de Direito Sempre! No dia do estudante, no histórico dia 11 de agosto, a sociedade levanta sua voz em defesa da democracia. Assinei o manifesto. Tenham certeza do meu compromisso. Minha candidatura representa exatamente isso: democracia sempre. Tolerância, paz e respeito.” Simone Tebet

O manifesto durou cerca de duas horas e foi dividido em duas etapas. A partir das 10h, sob a condução do reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Jr, cerca de 800 convidados se amontoaram no salão nobre da faculdade para ouvir a leitura de outra carta, a elaborada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Antes, discursos reforçaram o simbolismo da reunião e cobraram medidas eficazes de controle e fiscalização da sociedade daqui até as eleições, em 2 de outubro.

“Queremos eleições livres e tranquilas, um processo eleitoral sem fake news, pós-verdades ou intimidações”, disse Carlotti Jr. Segundo o reitor, após 200 anos de independência do Brasil, a sociedade deveria estar voltada a pensar o futuro, a planejar como resolver problemas graves na educação, saúde e economia. “Mas estamos voltados a impedir retrocessos. Espero que essa mobilização nos coloque novamente no caminho correto, na discussão do futuro de São Paulo e do Brasil.”

Presidente da OAB-SP, Patricia Vanzolini enfatizou que o momento agora é de reafirmação do regime democrático. “Esse é o momento que diremos que sim, nós queremos avançar e não aceitaremos retrocessos”. A advogada relembrou momentos da repressão vividos durante a ditadura militgar e afirmou que a sociedade não deve flertar com sistemas que anulem a vida democrática dos brasileiros. “Nós não queremos sentir saudade da nossa democracia e por isso não podemos sequer flertar com a sua ausência”, disse.

O economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga alertou sobre o risco do populismo. “Vivemos hoje num mundo onde ameaças autoritárias populistas às vezes nos assustam. Nos não temos um caminho que não o da liberdade, da democracia e da justiça. É uma situação esdrúxula essa, mas toda nossa energia tem de ficar nesse momento concentrada em salvar o que foi conquistado ao longo dos anos e que é a base do nosso futuro”, diz Armínio.

 

“Todos que estão aqui hoje lutam contra a apatia, lutam contra o populismo, as ameaças, o risco de deixar de lado o melhor de nós mesmos”, ressaltou o empresário Horácio Lafer Piva. “O brasileiro cai e se levanta, sempre, é um povo extraordinário, que merece mais educação, mais oportunidades, jamais a fome, jamais a iniquidade. Nós temos uma constituição, tudo está escrito lá”, disse.

Presentes na plateia, os presidentes da Fiesp, Josué Alencar, e da Febraban, Isaac Sidney, se uniram em aplausos ao discurso de Fraga e também de lideranças populares, como o feito pela representante da Coalizão Negra por Direitos, Beatriz Lourenço do Nascimento. “O Brasil é um País em dívida com a população negra, dívidas históricas e atuais. Portanto, qualquer projeto ou articulação por democracia exige o firme e real compromisso de enfrentamento ao racismo. Convocamos os setores democráticos da sociedade brasileira, as instituições e pessoas que hoje demonstram comoção com as mazelas do racismo e se afirmam antirracistas. Sejam coerentes. Pratiquem o que discursam. Enquanto houver racismo não haverá democracia”, afirmou a advogada, uma das poucas pessoas negras presentes no ato do salão nobre

 

Durante a reunião, os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) – ambos signatários da carta – se manifestaram pelas redes sociais afirmando que o evento marca a luta da sociedade brasileira pela defesa da democracia. “Estado de Direito Sempre! No dia do estudante, no histórico dia 11 de agosto, a sociedade levanta sua voz em defesa da democracia. Assinei o manifesto. Tenham certeza do meu compromisso. Minha candidatura representa exatamente isso: democracia sempre. Tolerância, paz e respeito”, escreveu a senadora. Ciro destacou que “a união de diferentes segmentos contra os recorrentes ataques de Bolsonaro aos nossos direitos, ao sistema eleitoral e ao próprio regime democrático – que é a maior de todas as nossas conquista, é um compromisso de todos.”.

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JORGE RORIZ