Gravação revela que no mesmo encontro em que acertou pagamento de R$ 4 milhões pelo silêncio de Nestor Cerveró, senador petista preso na Lava Jato mostrou interesse na área de TI; ‘ninguém enche o saco’
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) negociou a indicação de um nome para assumir uma gerência da estatal. Com orçamento de R$ 1 bilhão, a gerência de Tecnologia da Informação (TI) foi escolhida pelo senador petista por ser “menos visada”.
“Tem que fazer a Gerência de TI. Porque a Gerência de TI, ela não não tá… ela não é atividade fim. É atividade meio. E ninguém enche o saco”, disse o senador petista em conversa com o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro. “Eu vou ver direitinho isso(…) porque TI não está na linha de frente e ó (…) É o que você falou. Tem o orçamento de 1 bilhão”, afirmou Deoclídio na gravação.
Na mesma gravação, ele discutiu o pagamento de R$ 4 milhões pelo silêncio do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, além de apoio logístico para ele fugir para a Espanha,
Toda a reunião foi gravada por Bernardo Cerveró. A gravação, com mais de 1h30 de duração, foi encaminhada ao MPF e teve como consequência a decretação das prisões do senador Delcídio Amaral, André Esteves e Edson Ribeiro.
COM A PALAVRA, A DEFESA DO SENADOR DELCÍDIO DO AMARAL
Nota Oficial
A defesa do Senador Delcídio do Amaral (PT-MS) manifesta inconformismo em relação à decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal e a convicção de que o entendimento inicial será revisto. Questiona-se o fato de que as imputações tenham partido de um delator já condenado, que há muito tempo vem tentando obter favores legais com o oferecimento de informações. Questiona-se também a imposição de prisão a um Senador da República que sequer possui acusação formal contra si. A Constituição Federal não autoriza prisão processual de detentor de mandato parlamentar e há de ser respeitada como esteio do Estado Democrático de Direito.
Maurício Silva Leite, advogado do Senador Delcídio do Amaral