JANOT DENUNCIA O HOMEM MAIS “HONESTO” DO MUNDO

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o amigo dele, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho, Maurício Bumlai.
A acusação contra eles é a de ter tentado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para proteger outros interesses. Essa mesma acusação já levou para a cadeia o senador Delcídio do Amaral, o banqueiro André Esteves e mais duas pessoas. Se o Supremo aceitar a denúncia oferecida por Janot, Lula se tornará réu da Lava Jato.

Além disso, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal que inclua mais 30 investigados no inquérito-mãe da Lava Jato. É o mais amplo, que já investigava 39 pessoas e apura se uma organização criminosa atuou na Petrobras.

Nesse grupo adicional de 30 pessoas, há integrantes das cúpulas do PT e do PMDB, os partidos da coligação que elegeu Dilma Rousseff e Michel Temer. E uma figura central é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No pedido de investigação ao STF, o procurador afirma que a organização criminosa não teria funcionado por tantos anos e de forma tão agressiva sem que lula mantivesse o controle das decisões mais relevantes dela.
Rodrigo Janot disse que há provas de que o grupo atuou para desviar recursos de várias empresas e para enriquecer ilicitamente agentes públicos, políticos e grupos de empresários, além de financiar campanhas eleitorais.

Entre os nomes estão o do ex-presidente Luiz Inácio lula da silva, dos ministros Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Edinho Silva, do principal assessor da presidente Dilma, Giles de Azevedo, de dois senadores: Jader Barbalho e Delcídio do Amaral, de seis deputados federais, entre eles o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que pode passar a responder ao oitavo inquérito na Lava Jato, além dos ex-ministros do governo Lula e Dilma, Henrique Eduardo Alves, Erenice Guerra e Antônio Palocci.
A nova lista de suspeitos de participar do esquema inclui também o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli e o ex-presidente do banco BTG Pactual, André Esteves.
Janot explica que “novos elementos probatórios” apontam para um “novo desenho da organização bem mais amplo e complexo do que aquele projetado no início das investigações”.
O procurador se baseia nas delações premiadas de Delcídio do Amaral, do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e de executivos da Andrade Gutierrez.
O procurador diz que “esse aprofundamento das investigações mostrou que a organização criminosa tem dois eixos centrais. O primeiro ligado a membros do PT e o segundo ao PMDB. No caso deste, as provas colhidas indicam para uma subdivisão interna de poder entre o PMDB da Câmara e o PMDB do Senado.”
Os dois grupos, embora vinculados ao mesmo partido, ao que parece, diz Janot, atuam de forma autônoma, tanto em relação às indicações políticas para compor cargos relevantes no governo, quanto na destinação de propina arrecadada a partir dos negócios escusos firmados no tocante daquelas indicações.
O núcleo do PMDB na Câmara, segundo Janot, tem como um dos seus líderes Eduardo Cunha, e atuava para garantir indicações na Petrobras e na Caixa Econômica Federal, e na venda de requerimentos e emendas parlamentares para beneficiar empresas do grupo OAS, Odebrecht e BTG Pactual.
Segundo o procurador-geral Rodrigo Janot, ao que tudo indica, no núcleo do PT, a organização era especialmente voltada à arrecadação de valores ilícitos por meio de doações oficiais ao diretório nacional. E, depois, o diretório do Partido dos Trabalhadores fazia os repasses de acordo com a conveniência da organização criminosa.
Rodrigo Janot afirma que esse projeto de poder fica evidente em diversos relatos de colaboradores.
De acordo com o procurador, o ex-presidente Lula, “embora afastado formalmente do governo, mantém o controle das decisões mais relevantes, inclusive no que concerne as articulações espúrias para influenciar o andamento da operação Lava Jato fora do governo, para influenciar a sua nomeação ao primeiro escalão do governo Dilma, à articulação do PT com o PMDB, o que perpassa o próprio relacionamento mantido entre os membros desses partidos para o funcionamento da organização criminosa.”
E acrescenta: “Essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente lula dela participasse”, afirmou o procurador.
Para que os 30 novos suspeitos sejam formalmente investigados, será preciso o aval do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
O procurador Rodrigo Janot pediu ainda a prorrogação das investigações por mais 150 dias.
Janot afirma que Lula tentou atrapalhar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e que nessa operação contou com a ajuda do empresário José Carlos Bumlai e do filho dele, Maurício Bumlai.
Juntos, afirma o procurador, eles tentaram barrar o trabalho da Justiça. A acusação de Janot se baseia na delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que disse que quem faria o pagamento à família Cerveró pelo silêncio seria a família Bumlai, a mando de Lula.
No documento apresentado, Rodrigo Janot diz, textualmente:
“Tais fatos deram origem à prisão de todos os envolvidos e à propositura da Ação Penal 4.170. A partir daí, as investigações ganharam novos contornos e se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e a André Esteves, dando ensejo ao aditamento da denúncia”.
Para que eles virem réus, a denúncia tem que ser analisada e recebida pela segunda turma do Supremo Tribunal Federal.
As respostas
Sobre a acusação de Janot de que lula teria tentado comprar o silêncio de Cerveró, Instituto Lula disse que o ex-presidente já esclareceu, em depoimento ao próprio procurador, que não praticou qualquer ato com objetivo de interferir na Lava Jato. O Instituto Lula afirma que a peça apresentada por Janot indica apenas suposições e hipóteses sem valor de prova. E, na interpretação do instituto, trata de uma antecipação de juízo ofensiva e inaceitável. O Instituto Lula declarou que o ex-presidente nunca participou direta ou indiretamente de qualquer fato investigado na Lava Jato, que ele é alvo de verdadeira devassa sem que nada de irregular ou ilegal tivesse sido encontrado e que sempre colaborou com as autoridades.
A defesa do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, disse que ainda não teve acesso ao pedido do procurador para verificar a sua legalidade. E que o Supremo Tribunal Federal deverá impedir qualquer investigação sem justa causa.
O ministro Jaques Wagner, chefe do gabinete presidencial, disse que suas atividades sempre foram motivadas pelo interesse público e que está à disposição das autoridades.
O ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, disse que a campanha da presidente Dilma em 2014 foi conduzida dentro da legalidade e que todas as doações foram declaradas à justiça eleitoral.
O ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, disse que houve vazamento de informação com objetivos políticos. Declarou ainda que está tranquilo em relação às investigações e que a verdade prevalecerá.
O assessor especial da presidente Dilma, Giles de Azevedo, disse que nunca cometeu atos que desabonassem sua condutada e que não teme qualquer investigação.
O senador Jader Barbalho, do PMDB, disse que jamais conversou com Nestor Cerveró ou qualquer outra pessoa sobre o petrolão. Segundo o senador há um desespero leviano para incluí-lo nas denúncias.
A defesa do senador Delcídio do Amaral, sem partido, disse que ele fez acordo de delação premiada e que participa do inquérito como colaborador.
A assessoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, disse que ele é vítima de perseguição e que desde a votação do processo de impeachment da presidente Dilma na Câmara, o procurador-geral da República tem procurado incluir o nome do deputado em qualquer inquérito existente.
O ex-ministro Henrique Eduardo Alves disse que todas as doações para sua campanha foram declaradas à Justiça Eleitoral. E que poderá esclarecer as denúncias durante as investigações.
A defesa de Antônio Palocci disse que o ex-ministro nega com veemência os eventos narrados pelos delatores e considera que as investigações vão restabelecer a verdade
A defesa do banqueiro André Esteves disse que ele não cometeu nenhuma irregularidade.
Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, afirmou que está à disposição da justiça para qualquer esclarecimento e que nesse momento é difícil falar sem saber do que é acusado.

A assessoria da ex-ministra Erenice Guerra informou que só vai se manifestar após tomar conhecimento do teor da acusação. É a mesma resposta da defesa do pecuarista e José Carlos Bumlai e do filho dele, Maurício Bumlai.

A OAS, a Odebrecht e o BTG Pactual não quiseram se manifestar. (JORNAL   NACIONAL)

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JORGE RORIZ