A confeitaria de Rui Costa

Artigo de José Carlos Aleluia
Um ano depois de empossado, o governador Rui Costa mantém em atividade na governadoria a confeitaria do padrinho Jaques Wagner, onde só se produzem sonhos: ponte Salvador-Itaparica, Porto Sul, Ferrovia de Integração Oeste-Leste, duplicações da estrada Ilhéus-Itabuna e da ponte de Pontal etc. A falta de diversidade do cardápio reproduz na Bahia a insossa paralisia que a presidente Dilma Rousseff instalou no país.
Em vez de soluções concretas e específicas para os graves problemas da segurança, da saúde e da educação, o confeiteiro Rui Costa repete a receita de sonhos indigestos, enfiados goela abaixo pelo marketing petista que transforma intenções que nunca saíram do papel em uma Bahia fantástica, com segurança em todos os cantos e onde os sistemas de saúde e educação funcionam nos trinques.
Rui Costa aprendeu direitinho as lições de aprendiz de confeiteiro, quando foi chefe da Casa Civil do governo Jaques Wagner. Falhou, no entanto, na sua incapacidade de perceber o vencimento do prazo de validade do principal ingrediente da receita petista. Afinal, mentiras têm pernas curtas e ninguém consegue enganar todo o mundo o tempo todo.
O mar de rosas só existe na propaganda petista. A Bahia, outrora “Terra da Felicidade” na clássica canção “Na Baixa dos Sapateiros”, de Ary Barroso, é hoje o estado campeão nacional de mortes violentas. Na comparação com São Paulo, Rio, Minas e até Pernambuco, só a Bahia apresenta índices crescentes de assassinatos nos últimos anos, coincidindo com o período do PT no comando do estado. Para piorar, em vez de valorizar e estimular a Polícia Militar no combate à criminalidade, o governador Rui Costa aplica recursos públicos em “projetos culturais (?)” que desmerecem e difamam a briosa corporação.
O governador confeiteiro assumiu o mandato, repetindo o mantra federal do Pacto pela Educação. Disse que daria “o maior salto nos indicadores educacionais da história da Bahia”, mas os índices só vêm regredindo nos governos do PT baiano. A nota do nosso estado caiu de 3 para 2,8 no último Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação. A Bahia desceu da 18a para a 21a posição no ranking nacional, empatando com Maranhão e Sergipe.
Da mesma forma, o desempenho da Saúde segue piorando. Persiste a precariedade do atendimento, a falta de profissionais, de leitos e de materiais hospitalares. Apesar da gravidade da situação, Rui Costa passou o ano de 2015 sem responder com clareza às denúncias de descontrole na gestão do setor, cujas dívidas milionárias provocaram protestos de fornecedores.
O fato é que o confeiteiro Rui Costa passou todo o primeiro ano do seu mandato fazendo jogo de cena, insistindo nos sonhos recheados de mentiras. Simulou até criticar o padrinho, admitindo erros da gestão do antecessor da qual participou lado a lado. Mas o tempero de cinismo não melhorou a receita.
As poucas iniciativas que o governador Rui Costa tem a apresentar concentram-se na capital e são projetos que vinham se arrastando e ganharam um ritmo mais acelerado por causa do desempenho do prefeito ACM Neto, que, sem apoio dos governos federal e estadual, vem dando nova cara a cidade com grandes realizações, puxando uma saudável competição administrativa com os petistas desde 2013. As obras que os governos do PT levavam anos para entregar, agora tentam seguir o ritmo imposto pela Prefeitura de Salvador.
Um estado com a grandeza da Bahia requer muito mais do que revanchismo, bravatas e encenação. O marquetismo petista não ilude mais ninguém. Nosso estado precisa de ações emergenciais integradas e planejamento global de longo prazo. O confeiteiro, aprendiz de Jaques Wagner, vai precisar compor uma nova receita para os seus sonhos recheados de mentiras.
 
Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde do dia 19/01/2016

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