Berna Farias – Jornalista
Sobre a “greve” de hoje, vamos por partes.
- Sindicalistas é que estão à frente do protesto contra as reformas da Previdência e trabalhista, e não sindicatos – ao menos no sentido de entidades representativas de categorias de trabalhadores, os quais não são, na totalidade, contra as reformas, e muitos que se dizem contra estão mal informados, naquele terror já conhecido de “vão tirar suas férias, seu 13o, sua licença-maternidade e sua aposentadoria”.
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Sindicalistas sempre foram contra toda e qualquer reforma ou ajuste (faz tempo que não temos reformas, de fato), mesmo aquelas tocadas pelos governos petistas.
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O que temos hoje não é greve geral, no sentido de mobilização, mas greve de algumas categorias como rodoviários e ferroviários, que resultam na retirada de ônibus e trens de circulação e o consequente impedimento da maioria das pessoas pobres e de classe média baixa usuárias do transporte público de saírem às ruas e/ou irem aos seus locais de trabalho, escolas, etc. Ou seja: são as classes que eles dizem defender que ficam, de fato, prejudicadas.
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Esse tipo de movimento gera, ao invés de mobilização, uma IMOBILIZAÇÃO nacional. Se fosse mobilização, as pessoas estariam nas ruas.
4.1 – E aí surge um impasse para os sindicalistas: se não param os ônibus (inclusive esvaziando pneus nas garagens, o que não seria necessário se a maioria dos rodoviários estivesse aderindo), a maioria dos cidadãos vai ao trabalho, à escola, aos postos de saúde, ao comércio, tocando suas vidas normalmente; mas, se não liberam o transporte, as pessoas que o desejarem não podem ir às ruas se manifestar.
4.2 – Diante disso, a “voz das ruas”, como disse o líder do MTST, fica muda, o que não é nada interessante pra os que querem mostrar poder de mobilização. -
Os sindicalistas estão, na verdade, defendendo seus privilégios. Pra seu governo, são quase 17 mil sindicatos no Brasil, arrecadando mais de R$ 3,5 bilhões (BI) por ano e, com a reforma trabalhista, cai o famigerado imposto sindical que cada trabalhador paga, queira ou não, e equivale a um dia de trabalho.
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O que temos hoje é mais uma “greve de pneus e lixo”. Explico: em muitas avenidas e rodovias, grupelhos de dez ou vinte pessoas despejam pneus e lixo, tocam fogo e correm pra outro local, onde fazem a mesma coisa. É cedo ainda, claro, mas ainda não vi – e desde antes das 6 da manhã estou ligada em vários canais de TV e na internet – nenhuma aglomeração de manifestantes com um número acima de 30 pessoas.
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Por fim, o movimento de hoje ganhou a simpatia de muitos por um motivo simples: encompridou o feriadão do 1o. de Maio.
\Bom dia?