A greve dos “pelegos”

Berna Farias – Jornalista 

Sobre a “greve” de hoje, vamos por partes.

  1. Sindicalistas é que estão à frente do protesto contra as reformas da Previdência e trabalhista, e não sindicatos – ao menos no sentido de entidades representativas de categorias de trabalhadores, os quais não são, na totalidade, contra as reformas, e muitos que se dizem contra estão mal informados, naquele terror já conhecido de “vão tirar suas férias, seu 13o, sua licença-maternidade e sua aposentadoria”.
  2. Sindicalistas sempre foram contra toda e qualquer reforma ou ajuste (faz tempo que não temos reformas, de fato), mesmo aquelas tocadas pelos governos petistas.

  3. O que temos hoje não é greve geral, no sentido de mobilização, mas greve de algumas categorias como rodoviários e ferroviários, que resultam na retirada de ônibus e trens de circulação e o consequente impedimento da maioria das pessoas pobres e de classe média baixa usuárias do transporte público de saírem às ruas e/ou irem aos seus locais de trabalho, escolas, etc. Ou seja: são as classes que eles dizem defender que ficam, de fato, prejudicadas.

  4. Esse tipo de movimento gera, ao invés de mobilização, uma IMOBILIZAÇÃO nacional. Se fosse mobilização, as pessoas estariam nas ruas.
    4.1 – E aí surge um impasse para os sindicalistas: se não param os ônibus (inclusive esvaziando pneus nas garagens, o que não seria necessário se a maioria dos rodoviários estivesse aderindo), a maioria dos cidadãos vai ao trabalho, à escola, aos postos de saúde, ao comércio, tocando suas vidas normalmente; mas, se não liberam o transporte, as pessoas que o desejarem não podem ir às ruas se manifestar.
    4.2 – Diante disso, a “voz das ruas”, como disse o líder do MTST, fica muda, o que não é nada interessante pra os que querem mostrar poder de mobilização.

  5. Os sindicalistas estão, na verdade, defendendo seus privilégios. Pra seu governo, são quase 17 mil sindicatos no Brasil, arrecadando mais de R$ 3,5 bilhões (BI) por ano e, com a reforma trabalhista, cai o famigerado imposto sindical que cada trabalhador paga, queira ou não, e equivale a um dia de trabalho.

  6. O que temos hoje é mais uma “greve de pneus e lixo”. Explico: em muitas avenidas e rodovias, grupelhos de dez ou vinte pessoas despejam pneus e lixo, tocam fogo e correm pra outro local, onde fazem a mesma coisa. É cedo ainda, claro, mas ainda não vi – e desde antes das 6 da manhã estou ligada em vários canais de TV e na internet – nenhuma aglomeração de manifestantes com um número acima de 30 pessoas.

  7. Por fim, o movimento de hoje ganhou a simpatia de muitos por um motivo simples: encompridou o feriadão do 1o. de Maio.

\Bom dia?

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JORGE RORIZ