ABI e OAB repudiam as agressões de seguranças de Bolsonaro contra jornalistas

Jornalistas brasileiros que faziam a cobertura da presença do presidente Bolsonaro na Itália,  foram agredidos por seguranças do presidente. Os jornalistas registraram um boletim de ocorrência junto as autoridades italianas.

O presidente tratou de forma hostil os jornalistas e os seguranças que estavam ao redor dele foram violentos com quem tentou fazer pergunta”, disse o apresentador Tadeu Schmidt na abertura da matéria do Programa Fantástico do último domingo sobre o episódio.

“Ao perguntar o motivo de o presidente não participar de alguns dos eventos do G-20, o correspondente da Globo, Leonardo Monteiro levou um soco no estômago”, narrou.

Schmidt leu nota da emissora condenando as agressões. ” Quem contratou os seguranças? Quem deu a eles a orientação para afastar jornalistas com o uso da força? Os responsáveis serão punidos? A Globo está buscando informações sobre os procedimentos necessários para solicitar uma investigação às autoridades italianas”, disse em trecho da nota.

OAB classifica como “lamentável

Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados no Brasil (OAB) também se manifestou contrário às atitudes do chefe de Estado. “Lamentável que incidentes como esse ocorram, refletindo uma postura frequente de desrespeito ao trabalho dos profissionais de imprensa”, disse, em nota.

Em carta aberta a Jair Bolsonaro (sem partido), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) repudia a atitude dos seguranças do presidente em Roma, na Itália, contra jornalistas.

CARTA ABERTA DA ABI A JAIR BOLSONARO

Mais uma vez o senhor envergonha o Brasil, presidente.
Repudiado por governantes do mundo inteiro, em cada evento de chefes de Estado o senhor mostra que o País foi relegado a uma situação de um pária na comunidade internacional.
Na reunião do G-20 neste fim de semana, mais uma vez, o senhor foi obrigado a ficar pelos cantos, como aqueles convidados indesejados a quem ninguém dá atenção.
Como reação, age como um troglodita, hostilizando e estimulando agressões a jornalistas que lhe fazem perguntas corriqueiras.
É de dar vergonha.
Na cerimônia de abertura do evento do G-20, no sábado, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, cumprimentou os chefes de Estado e de governo com um aperto de mão, mas o evitou claramente, fato devidamente registrado pela imprensa italiana. Não quis ser fotografado ao seu lado.
Mas as coisas não ficaram por aí.
Percebendo que era quase um penetra na festa, o senhor preferiu não aparecer para a foto oficial com os estadistas do mundo inteiro. Sentiu a rejeição generalizada.
Tampouco sentiu-se à vontade para participar do passeio organizado pelo governo italiano para os líderes do G20, que tiraram fotos jogando moedas na Fontana di Trevi, tradicional ponto turístico de Roma.
Mas o vexame e a vergonha foram maiores. Não pararam por aí.
Seus seguranças agrediram jornalistas brasileiros e roubaram seus equipamentos em represália a perguntas simples sobre as razões pelas quais o senhor não cumpriria a agenda comum aos demais chefes de Estado.
Repórteres da TV Globo e do jornal “Folha de S. Paulo” e um colunista do Uol foram à delegacia de polícia formalizar queixa das agressões praticadas por seus seguranças. Foi, talvez, um acontecimento inédito.
Mesmo assim, o senhor e os demais membros de sua comitiva, aí incluídos representantes do Itamaraty, foram incapazes de uma palavra de desculpa aos profissionais que estavam apenas trabalhando. Ao contrário, continuaram hostilizando os jornalistas brasileiros.
A ABI mais uma vez faz o registro: com o seu comportamento avesso à democracia e com ataques constantes à imprensa e ao trabalho dos jornalistas, o senhor estimula essas agressões. Assim, torna-se também responsável por elas.
E, como numa bola de neve, elas só aumentam seu isolamento e o repúdio que o senhor recebe da comunidade internacional.
Pior, o isolamento não é só seu. Atinge e envergonha o país que o senhor representa.
O senhor está tornando o Brasil um pária na comunidade internacional, presidente.
Tenha compostura.”

Paulo Jeronimo, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Até o momento, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre o caso e as autoridades que estão em Roma, incluindo Jair Bolsonaro, não se retrataram. Paulo Jerônimo expõe a atitude na carta

JR

 

 

JORGE RORIZ