Arcebispo de Aparecida diz ser preciso vencer o ódio e a mentira –

O arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, afirmou na manhã desta quarta-feira (12) que “é preciso vencer os dragões do ódio e da mentira”. A frase fez parte da homilia da missa solene na basílica do Santuário Nacional de Aparecida, lotada e com gente aglomerada do lado de fora.

Na fala, disse que é preciso escutar Maria e a população. “Maria venceu o dragão, e temos muitos outros que ela vencerá.” Após citar que o da Covid já havia sido superado, mencionou os do ódio e da mentira.

“Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal, e o da mentira. E a mentira não é de Deus, é do maligno”, afirmou o líder religioso, que listou em seguida os dragões do desemprego, da fome e da incredulidade.

Depois, questionado em entrevista coletiva sobre a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do bolsonarismo ao Governo de São Paulo, em uma das missas no santuário nesta quarta, o arcebispo expressou certo incômodo.

“Não podemos julgar, mas precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Precisamos ser fiéis à nossa identidade católica, mas seja qual for a intenção vai ser bem recebido, porque é o nosso presidente”, afirmou dom Orlando à imprensa.

Bolsonaro, que se declara católico, tem direcionado grande parte de sua campanha a consolidar o apoio do eleitorado evangélico. Na manhã desta quarta, antes de ir para Aparecida, esteve na inauguração de um templo da igreja evangélica Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago.

“Agora, se tem segundas intenções, como disse na homilia, os reis magos, quando visitaram Jesus, não usaram da religião e se converteram a Jesus. Pode ser que as autoridades recebam graças para se converter a bem do povo, porque vamos ter que acolher aqueles que foram eleitos”, completou.

Na homilia, o religioso também defendeu a importância do voto, em uma referência ao segundo turno da eleição à Presidência e a governos estaduais. “É necessário exercer esse direito. Está faltando pão, faltando fraternidade. Esse é o vinho que precisamos nos dias de hoje”, disse, em outro trecho do sermão.

No ano passado, o arcebispo pregou “abraçar os pobres e as autoridades para que juntos construamos uma pátria amada”. “E para ser pátria amada não pode ser pátria armada”, disse, em referência a Bolsonaro, defensor de maior acesso a armas de fogo. No dia seguinte, o chefe do Executivo rebateu. Afirmou que respeitava o líder religioso, mas que antes, no Brasil, “só bandido tinha arma de fogo”.

JORGE RORIZ