Bispo reconhece que enviou emissários para tentar impedir o aborto legal

Grupos de religiosos pressionaram a  família da menina de 10 anos que engravidou após estupros do tio  para que no aborto não fosse realizado

Em gravações obtidas por um jornal local, uma fanática chegou a falar que “Deus permitiu” a gravidez. A avó da criança passou mal.

O Ministério Público vai investigar o caso.

Um manifestante afirmou  que o feto não tem culpa, e a avó retruca que é uma “criança gerando outra criança”.

Então, ela ouve: “Mas, se tem uma alma ali, foi Deus que colocou”.

Ela se mostra inconformada, e questiona: “Deus permitiu uma barbaridade dessa?” A resposta: “permitiu”.

Antecipando-se às autoridades, Dom Paulo Bosi Dal’Bó, bispo da cidade, soltou uma “nota em defesa da vida” em que admite que mandou emissários.

“A família da gestante foi visitada pessoalmente a fim de ser informada de todas as possibilidades de ajuda tão necessárias no momento”, afirma.

Alguns trechos:

Diante dos fatos acontecidos na cidade de São Mateus, estado do Espírito Santo, com grande repercussão nacional, onde uma menina de 10 anos vinha sendo violentada sexualmente, há alguns anos, resultando numa gravidez; diante dos diversos posicionamentos que tem gerado a possibilidade do aborto; e ainda, diante da confusão de pensamentos ou julgamentos de alguns cristãos favoráveis ao aborto, como Pastor desta Igreja Particular de São Mateus-ES, “devo pregar e ensinar ao povo a fé e ainda estar vigilante para afastar os erros que ameaçam a fé” (Vaticano II, Constituição Lumen Gentium, n.25). Quero lhes dirigir através desta nota, umas palavras orientadoras e firmes, que ajudem cada um a discernir com clareza a voz do Espírito, através dos representantes do Senhor Jesus.

Minha tarefa, como defensor da vida, é orientá-los sobre a Doutrina da Igreja e de seu Magistério a respeito. De acordo com o Magistério da Igreja, segundo a moral católica, a defesa da vida humana desde sua concepção é um princípio imprescindível. (…)

Aproveito a oportunidade para informar a todos que a Diocese de São Mateus, através de seu representante canonicamente legal, não se omitiu diante do fato: Desde que tomamos conhecimento do caso, para não expor ainda mais a criança e sua família, fizemos todos os esforços necessários, através de vias legais, para tentar auxiliar da melhor forma possível e encontrar uma solução na qual se preservasse as duas vidas.

Uma equipe de profissionais (dos Estados de São Paulo e Espírito Santo) após uma frutuosa reunião com o bispo e com um padre (professor de Teologia Moral), protocolou junto ao Fórum do município um ofício no qual ofereceu-se uma estrutura hospitalar e de assistência social, capaz de responder com profissionalismo, ética e humanismo às necessidades do caso específico. 

A família da gestante foi visitada pessoalmente a fim de ser informada de todas as possibilidades de ajuda tão necessárias no momento.

Muito triste e lamentável, enquanto preparo-me para soltar esta nota, recebo a notícia que o aborto já foi realizado. Porque tudo tão rápido e sem as devidas explicações? (…)

Por que o bebê não pôde viver? Por que foi sentenciado à morte, mesmo sendo inocente, e tendo todas as condições para vir à vida com os devidos cuidados e com o apoio técnico profissional à disposição? (…)

O útero da Vigem Mãe e o Coração de Deus sangram neste momento, assim como está sangrando o meu coração e os de tantos outros defensores da vida.

Unamo-nos em oração e peçamos ao Espírito Santo que nos ilumine, assim como também a todos os que têm responsabilidades pela vida neste momento. Lutemos para que todos tenham vida. (…)

 

JORGE RORIZ