Bolsonaro confirma Copa América no Brasil – STF foi acionado pelo PT e PSB

A Copa América voltou a ocupar as atenções no Congresso, e o Supremo Tribunal Federal também foi acionado. Na CPI da Covid, antes de ouvir o depoimento do dia, os senadores discutiram a Copa América. O senador do Podemos Eduardo Girão, aliado do governo, defendeu que o Brasil receba o evento.

“Não vejo motivos para se interromper algo que a gente devia celebrar. No Brasil, a vinda da Copa América, que não é qualquer torneio, que é um torneio tradicional, que a gente possa, de alguma forma, não interromper isso, porque gera emprego, gera também turismo no futuro”, defendeu Girão.

O relator da CPI, senador Renan Calheiros, do MDB, disse que o governo deveria levar em conta o momento da pandemia:

“É inacreditável que o governo federal queira sediar a Copa América aqui no Brasil. No exato momento em que a pandemia se agrava e enchem como nunca os nossos cemitérios, as nossas UTIs e a terceira onda começa a chegar. Seria, sr. presidente, senhores senadores, transformar essa Copa em campeonato da morte”.

“Eu acho que é uma polêmica desnecessária nesse momento. Tanto discuti-la quanto de fazê-la. É inoportuna, acho que não tinha necessidade, não é uma competição de extrema necessidade para o futebol mundial”. (Arthur Lira, presidente da Câmara, sobre a Copa América no Brasil)

Cedo nesta terça (1°), o presidente Jair Bolsonaro deu aval para a realização do torneio e deu o caso por encerrado:

“Considero, da parte do governo federal, como já tratei com o ministro-chefe da Casa Civil, general Ramos, assunto encerrado. Todos os meus ministros são favoráveis à Copa América no Brasil com os mesmos protocolos das eliminatórias e da Libertadores. Caso encerrado”.

No fim da tarde desta terça, numa solenidade no Ministério da Saúde, Bolsonaro voltou a falar do assunto e anunciou que três estados e o Distrito Federal vão sediar os jogos:

“Escolhemos as sedes em comum acordo, obviamente, com os governadores, e agora já tivemos quatro governadores, Brasília, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Goiás, e mais um agora que chegou um pouco atrasado, vamos assim dizer, também se prontificando para sediar a Copa América. Então, pelo que tudo indica, seguindo os mesmos protocolos, o Brasil sediará a Copa América”.

No mesmo evento, o presidente se corrigiu. Em vez de Mato Grosso do Sul, uma das sedes será a Arena Pantanal, em Mato Grosso: “Pantanal, Goiás, Brasília e Rio de Janeiro, ok?”

O governador de São Paulo, que na segunda-feira (31) chegou a cogitar receber os jogos, desde que cumprindo medidas sanitárias, publicou nota afirmando que “solicitou ao secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol, Walter Feldman, que busque alternativas para a realização da Copa América fora do estado de São Paulo. Após ampla consulta aos membros do Centro de Contingência sobre os efeitos que a realização da Copa América teria sobre a pandemia de Covid-19 no estado de SP, os cientistas apontaram que, neste momento, a realização do torneio representaria uma má sinalização de arrefecimento no controle da transmissão do coronavírus”.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) manifestou preocupação com a Copa América no Brasil. Em ofício ao Fórum de Governadores, citou o aumento de casos e mortes depois de cada evento festivo ao longo da pandemia e afirmou que “os grandes eventos revelam-se extremamente importantes para a disseminação do vírus e determinam a necessidade de medidas extremas dos gestores para tentar conter a doença em seus territórios” e que “entende absolutamente inoportuna e desaconselhável a realização de quaisquer campeonatos esportivos capazes de propiciar vários pontos de aglomeração, mesmo que os estádios não recebam torcida, sob pena de termos um agravamento ainda maior da situação”.

Duas ações do PSB e PT pedem a suspensão de todas as negociações relacionadas à Copa América. O ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação do PT, já pediu informações à Presidência da República.

No despacho, Lewandowski disse: “Considerando a importância da matéria e a emergência de saúde pública decorrente do surto do coronavírus, bem como a urgência que o caso requer, solicitem-se prévias informações ao presidente da República no prazo legal, que é de cinco dias”.

Fonte: Jornal Nacional

JORGE RORIZ