Brasil já tem mais de 3 mil notificações de microcefalia

O número de casos de microcefalia – doença caracterizada pelo tamanho menor da cabeça e que provoca retardo mental em 90% das vezes – continua crescendo no Brasil. Dados do primeiro boletim sobre a doença neste ano, divulgado pelo Ministério da Saúde nesta última terça-feira (5), apontam que o Brasil tem 3.174 casos supostamente associados ao zika vírus. O deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP) criticou o corte de recursos promovido pelo governo federal no setor e pediu prioridade no combate à doença.

De acordo com matéria do jornal O Globo desta quarta-feira (6), entram nessa conta todas as notificações feitas em 2015 (2.975) e nos dois primeiros dias deste ano. Apesar do aumento de casos da doença, um veto da presidente Dilma Rousseff na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pode causar uma perda de até R$ 9 bilhões em investimentos na saúde em 2016. O cálculo foi feito pela procuradora Élida Graziane, do Ministério Público de Contas de São Paulo e da Associação Nacional do Ministério Público de Defesa da Saúde (Ampasa).

“Estamos muito preocupados porque o governo federal reduziu os recursos da saúde no ano passado em R$ 12 bilhões e esperamos que possa haver uma recomposição dos recursos da área e que efetivamente esse tema tenha uma prioridade absoluta do Ministério da Saúde nesse momento”, afirmou Vitor Lippi.

A microcefalia foi constatada em bebês de 684 municípios brasileiros e 38 mortes são investigadas. O número de estados atingidos subiu de 20 para 21, pois o Amazonas registrou seu primeiro caso. No Estado do Rio de Janeiro, de acordo com o Ministério, já são 118 registros. “Sem dúvida, o Brasil passa por uma situação dramática que está trazendo realmente uma tragédia para essas famílias. Sem contar que o Brasil passa pela maior crise de financiamento do SUS de todos os tempos, temos aí o fechamento de hospitais e de Santas Casas, uma crise gravíssima do sistema hospitalar como um todo no país e que se mostra ainda mais grave no Rio de Janeiro, onde os pacientes estão desesperados e sem assistência. Isso mostra que esse governo não deu prioridade para a saúde pública e lamentamos que o discurso tenha sido muito diferente da prática”, destacou o parlamentar, que também é médico.

Além da recomposição do orçamento para o setor, o tucano defende o apoio do governo para que seja aprovada a PEC n° 01/2015, do PSDB, que aumentaria em até 40% os recursos da saúde. “Isso é absolutamente necessário para que tenhamos condições de enfrentar não só o problema do zika vírus, mas também os outros gravíssimos que atingem a população brasileira”.

Em 2014, foram 147 notificações de microcefalia em todo o país. Segundo o jornal, o Ministério da Saúde comprovou a relação da explosão de casos da malformação com o zika vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti – mesmo vetor de outras duas doenças: dengue e chicungunya. Os sintomas são manchas vermelhas na pele, febre intermitente, conjuntivite e dores nas articulações, nos músculos e de cabeça. No entanto, em alguns infectados, ela é assintomática.

São Paulo

Na contramão do governo federal, que vem tomando apenas medidas paleativas como a distribuição de repelentes, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), colocou como prioridade o combate ao mosquito Aedes aegypti. A estratégia de combater os criadouros em São Paulo foi reforçada com a renovação por mais seis meses do contrato de 460 funcionários da Superintendência do Centro de Controle de Endemias (Sucen), para que junto à população, o governo possa enfrentar essa situação que coloca em risco todos os estados brasileiros.

“Como não existe vacina para o zika vírus, a única forma efetiva é combater o Aedes aegypti, que é o transmissor da dengue, do zika e também da chicungunya. Há um esforço muito grande dos municípios e do governo de São Paulo para ampliar o quadro de profissionais, como os agentes, e também na divulgação da comunicação sobre a doença e esperamos uma participação ainda maior da população pela gravidade da situação”, disse o deputado Vitor Lippi, ressaltando ainda o investindo R$ 200 milhões pelo governo paulista para o desenvolvimento da vacina contra a dengue. “Até o momento tem se mostrado bastante eficiente nas pesquisas. Ainda não está em fase de produção, porque precisa passar por alguns testes, mas é importante lembrar o esforço do governador Geraldo Alckmin [PSDB] no combate à dengue”.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

JORGE RORIZ