Brasil no oceano de incertezas

Ossami Sakamori . Site: 

Não precisa ser economista de renome para diagnosticar a grave crise econômica que assola o País. A crise começou no final de 2014, com governo maquiando dados, para presidente Dilma ganhar eleição. Estatisticamente, com a maquiagem, o Brasil cresceu 0,1% em 2014. O ano de 2015 teve retração de 3,8% e a estimativa é de que o ano de 2016 termine com retração de 3,3%. O fato é que o País vive a pior crise desde 1929, o ano da depressão mundial.

Os últimos dados da economia, ainda aponta forte desaceleração. O número líquido de trabalhadores demitidos no mês de agosto foi de 33 mil pessoas. A receita do governo federal continua em forte queda, aumentando ainda o “déficit primário”. Mesmo com a previsão da receita extraordinária referente a repatriação de recursos ilegais no exterior, o Orçamento Fiscal de 2016 deve terminar com o “rombo” previsto de R$ 170,5 bilhões. É possível que o governo federal precise jogar algumas contas para o ano de 2017, os restos a pagar, para terminar dentro do “rombo” previsto. O quadro não é nem um pouco animador.

Na ponta da economia real, o número de desempregados segundo IBGE aponta para 12 milhões. A inflação corrente é de 8,9% ao ano. A economia deve encolher este ano em cerca de 3,3% segundo previsão do Boletim Focus do Banco Central. O número de pessoas inadimplentes no comércio está ao redor de 59 milhões, cerca de 40% da população adulta do País. Dentro deste quadro, o presidente Michel Temer afirma que a economia está em estabilidade. Michel Temer, como qualquer outros presidentes que o precedeu, vende imagem de otimismo ao povo brasileiro, no oceano de incerteza.

Todo mundo sabe. Os trabalhadores sabem, os empresários sabem e os políticos sabem que o quadro da economia é muito grave. Os investidores diretos resistem em fazer investimentos no setor produtivo, se o próprio governo federal oferece o atrativo do “dólar barato” (real valorizado) facilitando as importações e “taxa de juros reais” atrativos. Os empresários preferem investir nos títulos do governo com segurança total do que investir nas suas indústrias. Não havendo investimentos nas indústrias, não haverá novos empregos.

O governo não tem planejamento econômico para alcançar o desenvolvimento sustentável. O governo trabalha com estratégia de reações aos fatos, uma verdadeira operação tapa buracos, sem um planejamento econômico sustentável ao longo do tempo. O Brasil não resistirá por muito tempo, baseando a economia, criando “rombo” nominal de cerca de R$ 400 bilhões ao ano, para pagamento de juros da dívida pública federal.

O governo Temer, só fala em ajustes fiscais, como se eles fossem as soluções para todos os problemas do País. Eu já disse nas matérias anteriores, de que os ajustes fiscais são apenas obrigações ou deveres de casa que qualquer presidente da República terá que cumprir, sob pena de perda de mandato. Até o programa de investimentos em infraestrutura anunciado com muito estardalhaço, o objetivo parece ser de arrecadar os “ágios de leilões” para ajudar a tapar parte do “rombo” do Orçamento Fiscal de 2017.

O governo Temer, até o momento, tem sido medíocre, na condução da política econômica. A equipe econômica, tem se preocupado na saúde do sistema bancário, privilegiando algumas poucas famílias, donos de bancos, do que no sistema produtivo brasileiro. Justifica-se, o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central faziam parte do sistema bancário até a véspera do empossamento nos respectivos cargos. São os lobos cuidando do galinheiro!

Recomendo leitura do BrasiltemFuturo, a nova matriz econômica.

Autor: Ossami Sakamori

 

JORGE RORIZ