Conversa com Kajuru – Bolsonaro cometeu crime

“Você tem de fazer do limão uma limonada. Tem de peticionar o Supremo para colocar em pauta o impeachment (de ministros) também”, disse Bolsonaro, que dá a entender que, se houver pedidos de impeachment contra ministros do STF, a instalação da CPI pode ser interrompida. O presidente também cobrou que a CPI, se instalada, trabalhe para apurar a atuação de prefeitos e governadores.

Na avaliação do diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Floriano de Azevedo Marques, a gravação divulgada deixa “óbvia” a existência de crime de responsabilidade e a intenção do presidente Bolsonaro de “mudar o contexto da CPI”. “Me parece bastante óbvio, pelo o que está posto pela gravação, que há um esforço para interferir no trabalho do Legislativo e do Judiciário de maneira transversa”, disse ao Estadão. “Não há dúvida de que isso caracteriza crime de responsabilidade”, disse Floriano de Azevedo sobre a pressão de Bolsonaro pelo impeachment de ministros da Suprema Corte.

ISTO É.

BOLSONARO FOI AVISADO 20 MINUTOS ANTES DA PUBLICAÇÃO

Avisei ele hoje 12h40, que a conversa nossa seria publicada a uma hora da tarde. E assim eu fiz”, disse Kajuru. Na conversa, Bolsonaro diz temer que CPI investigue só o governo federal e instrui o senador a incluir Estados e municípios.

Questionado se o presidente saberia que estava sendo gravado, o senador afirmou que Bolsonaro conversou “sabendo que a conversa poderia ir ao ar”, como já fez “seis, sete, oito vezes” antes.

“Não sou amigo íntimo dele, não frequento a casa dele. Portanto, minha conversa com ele era política e todo mundo tem que ter acesso a ela”, continuou.

Quando soube da publicação, o presidente não tentou impedi-la. Segundo o senador, ele teria dito: “Tudo bem, tudo que falei está falado”.

Para Kajuru, as conversas não podem prejudicar o presidente, às vésperas da instalação da CPI da Covid. “O que ele falou de errado ali? Pelo contrário, mostrou que está aberto, que aceita ser investigado, desde que todos sejam”.

JORGE RORIZ