Criador do Banco Real, faleceu aos 99 anos

Faleceu na manhã desta terça-feira, 15, aos 99 anos, em sua fazenda em Jaguariúna, no interior de São Paulo, o banqueiro Aloysio de Andrade Faria. Ele foi o criador do Banco Real. Deixou uma fortuna estimada em US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões). o Real foi vendido por US$ 2,1 bilhões ao holandês ABN Amro (posteriormente comprado pelo Santander). o Banco Real foi pioneiro na criação do cheque especial para universitários e o uso do cheque especial por dez dias sem juros

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“O Brasil ficou menor. Perdeu hoje o grande brasileiro Aloysio Faria. Foi sempre um eficiente, silencioso e duro trabalhador pelo Brasil. Pensou sempre num sistema financeiro sofisticado e eficaz, com instrumento de um desenvolvimento seguro e mais equânime. Leva com ele aquela sabedoria que combinava o saber prático e um ideal de justiça. Cultivou o trabalho e a modéstia, que dá o exemplo que se espera dos virtuosos”, afirmou o economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto.

O presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, lembrou o caráter visionário do banqueiro – o Real foi, por exemplo, a primeira instituição financeira brasileira a abrir uma agência na 5ª Avenida, em Nova York.

“Em seus 100 anos de vida e trabalho, Aloysio Faria jamais buscou cultuar sua própria personalidade, preferindo valorizar as marcas que criava. De Delfim Netto, que o considerava um dos financistas mais sofisticados do País, ganhou o apelido de ‘banqueiro invisível’. Com essa postura, amealhou admiradores e seguidores. Com tantos feitos, destacava, da vida, a importância da simplicidade”, disse Trabuco Cappi, em nota.

Na visão do presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher, Faria é um dos responsáveis “pela modernização do setor bancário no Brasil”.

“Aloysio Faria é um daqueles brasileiros que serão sempre lembrados por terem dedicado sua vida a empreender, a construir algo relevante, o que fez com êxito em diferentes áreas e negócios. Era uma referência e nos impressionou a todos que tivemos a oportunidade de conhecê-lo e acompanhar sua trajetória”, disse o executivo, em nota.

“O Brasil perdeu hoje um dos seus grandes empreendedores. Vai fazer falta no agronegócio, no setor financeiro e no processo de internacionalização do Brasil. Aloysio Faria é um exemplo de como fazer negócios de forma republicana no Brasil”, afirma Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que trabalhou por 23 anos na Agropalma.

O presidente do conselho de administração, Christophe Cadier: “Dr. Aloysio tinha valores extremamente fortes em termos de ética, responsabilidade e confiança. Não é à toa que os executivos que estão no comando hoje são pessoas que trabalham com ele há décadas. Como empresário, era um visionário, um homem muito à frente de seu tempo.”

Para Fabio Amorosino, presidente do conglomerado financeiro Alfa: “Ele sempre dizia que o ser humano tem a tendência de complicar as coisas e que cabe a cada um torná-las mais simples”, lembra. “Além disso, deixa um exemplo de autruísmo, discrição, simplicidade e empreendedorismo.”

Já Beny Fiterman: “Ele deixa um exemplo de perserverança, força de vontade, foco, valorização do trabalho e da capacitação da equipe. É uma grande inspiração para quem trabalhou diretamente com ele e também para os demais funcionários.”

JORGE RORIZ