Delegada do caso reitor UFSC teria forjado depoimento

Olha o que o sem vergonha do Dallagnol disse: “depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada… Dá no mínimo uma falsidade.”

Novos diálogos de procuradores da Lava Jato, enviados ao Supremo Tribunal Federal pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (22), revelam que a delegada da Polícia Federal Erika Marena teria forjado e assinado depoimentos que jamais ocorreram.

Erika Marena foi a delegada responsável pela operação que prendeu o reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e que se suicidou depois da humilhação pública com acusações de corrupção na universidade.

Dois meses depois da morte do reitor, a delegada foi designada para ocupar a Superintendência Regional de Polícia Federal de Sergipe em dezembro de 2017. Ao final de 2018, foi escolhida por Sérgio Moro para chefiar o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça.

O próprio Ministério da Justiça investigou sua participação na prisão e suicídio do reitor Cancellier e decidiu arquivar a sindicância contra ela, por falta de provas. Com a saída de Sérgio Moro, acabou exonerada em junho de 2020.

Nos diálogos, os procuradores da Lava Jato revelam que Erika praticou uma falsificação. Pensando atender a pedidos dos procuradores, Erika criou um falso termo de depoimento, simulando ter ouvido a testemunha com escrivão e tudo, “quando não ouviu nada”.

A constatação consta de diálogo mantido entre os procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior em janeiro de 2016. Nele, eles relatam o que contou a delegada da Polícia Federal.

“Como expõe a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada… Dá no mínimo uma falsidade… DPFs são facilmente expostos a problemas administrativos”, disse Deltan.

Orlando Martello Júnior mostra preocupação com a possibilidade de esses problemas administrativos levarem ao descrédito da força-tarefa de Curitiba. Diz que “se deixarmos barato, vai banalizar”.

Então propõe uma saída: “combinar com ela de ela nos provocar diante das notícias do jornal para reinquiri-lo ou algo parecido. Podemos conversar com ela e ver qual estratégia ela prefere. Talvez até, diante da notícia, reinquiri-lo de tudo. Se não fizermos algo, cairemos em descrédito”.

O diálogo segue na mensagem de Martello Júnior a Deltan Dallagnol: “O mesmo ocorreu com padilha e outros. Temos q chamar esse pessoal aqui e reinquiri-los. Já disse, a culpa maior é nossa. Fomos displicentes!!! Todos nós, onde me incluo. Era uma coisa óbvia q não vimos. Confiamos nos advs e nos colaboradores. Erramos mesmo!”, diz.

As mensagens entre procuradores foram apreendidas no curso da chamada operação “spoofing”.

(Com Conjur)

JORGE RORIZ