Em reunião realizada neste sábado, 10, com ministros, no Palácio da Alvorada, Dilma disse temer um “comportamento desesperado” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitando o impeachment.
“Não há uma acusação frontal contra a presidente, mas Cunha pode se tornar uma fera ferida e aceitar um pedido de impeachment. O quadro é imprevisível”, afirmou um ministro que participou da reunião.

Sem o corte de gastos de R$ 26 bilhões e sem a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), um tributo muito difícil de passar com o clima de conflagração política, a presidente terá uma vida ainda mais dura pela frente.
Cunha já recebeu a visita do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas conversas, os dois pediram a ele que não estique a corda com Dilma e juraram que o Planalto não está por trás de seu calvário.
Dilma avisou que vai “enfrentar publicamente o debate” sobre a reprovação das contas de 2014. A estratégia prevê a distribuição de uma cartilha aos parlamentares, com perguntas e respostas, justificando que as manobras contábeis foram feitas para manter programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, e não causaram prejuízos aos bancos públicos.
A fragilidade de Dilma e a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, têm deixado petistas desnorteados. Um dirigente do PT disse ao jornal O Estado que não será fácil salvar a presidente. “Dilma estava com a faca e o queijo na mão, mas cortou a mão e sujou o queijo de sangue”, comparou ele.