Escândalo da Covaxin – MP permitia pagamento antecipado

“O presidente tem um grande problema pela frente. Se tirar o Barros da liderança, ele sabe que pode perder o apoio dos partidos com os quais Barros faz intermediação. Além disso, ficaria frágil o discurso que ainda cola em seus eleitores, de que não há nem nunca houve corrupção no Governo”, diz um governista com trânsito no Ministério das Relações Institucionais.

O Ministério Público Federal acusa o deputado e líder do governo, Ricardo Barros, de ter beneficiado a Global Gestão em Saúde quando ele era ministro no Governo Temer. A empresa ofereceu o menor preço mas não entregou os medicamentos que seriam destinados a pacientes com doenças raras. O Governo desembolsou 19,9 milhões de reais e até hoje os remédios não chegaram às prateleiras.

Ao EL PAÍS, o deputado e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é enfático. “A MP assinada por Bolsonaro em 6 de janeiro foi feita para permitir o esquema na compra de vacina, e não à toa, em 7 e 8 de janeiro, o embaixador do Brasil na Índia apresenta uma empresa [a Precisa] para ser intermediária do laboratório indiano nesse esquema. E não à toa, essa MP faz uma regra que permite o pagamento antecipado dos recursos, inclusive estabelecendo que a empresa não possa ser punida mesmo não entregando o volume integral do material”.

JORGE RORIZ