Especialista Italiano diz que Moro não deveria ter aceitado ser ministro

Alberto Vannucci – Especialista da Operação Mãos Limpas na Itália _ Entrevistado pela BBC Brasil, afirmou:

Na Itália, existe uma convenção de que nenhum juiz pode ocupar o cargo de Ministro da Justiça. Isso porque, caso um juiz vire ministro, ele levará consigo sua experiência de magistratura.

Vannucci – Existe um princípio Constitucional de separação de poderes, com o Judiciário e o Executivo, representados por papéis de juízes e ministros, entre outros.

Agora, há uma sobreposição dos poderes, com um futuro ex-juiz ocupando o cargo de ministro. Isso faz com que a mensagem da separação de poderes fique menos clara.

Primeiro, porque pode transmitir à opinião pública a percepção de que as investigações da Lava Jato tinham orientação política. Isso pode levar a uma desconfiança da operação como um todo e do Judiciário.

O que esses cidadãos vão pensar agora que parece haver uma clara demonstração de que, como resultado dessas investigações, um juiz foi recompensado por um presidente da direita?

Os cidadãos que pensavam que havia uma motivação política por trás da Operação Lava Jato vão pensar o que agora, senão que estavam corretos? Esse é um argumento fortíssimo que deveria ter induzido Moro a recusar o convite.

BBC News Brasil – Na Itália, Antonio Di Pietro, principal promotor da Mãos Limpas, primeiro recusou o cargo de ministro de Berlusconi, mas mais tarde de fato entrou para a política. Há semelhanças entre Di Pietro e Moro?

 

https://youtu.be/jiSH8ChnPRw

Vannucci – Se formos projetar a experiência de Antonio di Pietro a Moro, podemos dizer nesse momento que Moro vai se arrepender de sua decisão. Pietro tem dito nos últimos anos que sua pior decisão profissional foi abandonar a magistratura para entrar na política. Não sei se Moro vai chegar à mesma conclusão.

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JORGE RORIZ