Especialistas elogiam decisão da Anvisa que negou a importação da vacina

Membros da comunidade científica. Cientistas e especialistas de diferentes áreas usaram as redes sociais para elogiar a Agência .Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que negou a importação da vacina Sputnik V.

Anvisa apontou que NÃO recebeu relatório técnico capaz de comprovar que a vacina atende a padrões de qualidade e NÃO conseguiu localizar o relatório com autoridades de países onde a vacina é aplicada;
Anvisa diz que a maioria dos países que autorizaram a aplicação da vacina não têm tradição na análise de medicamentos; além disso, em 23 países com contrato, a vacinação não começou;
A Gerência de Medicamentos apontou diversas falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante. Na mais grave, explicou que o adenovírus usado para carregar o material genético do coronavírus não deveria se replicar, mas ele é capaz de se reproduzir e pode causar doenças;

“Verificamos a presença de adenovírus replicante em todos os lotes. Isso é uma não-conformidade grave e está em desacordo com o desenvolvimento de qualquer vacina de vetor viral. A presença de um adenovírus pode ter impacto na nossa segurança quando utilizamos a vacina”, destacou Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da agência durante a audiência extraordinária.

“É inseguro para um país continental como o nosso. A gente está vacinando um paciente sem doença e não quer causar outra doença que pode causar outras consequências, inclusive neurológicas. O adenovírus pode causar amigdalite, rash cutâneo, conjuntivite, pode afetar o sistema nervoso central, causando encefalite, meningite viral e doenças autoimunes, como a síndrome de Guillain-Barré.” Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai)

“A vacina fazia parte do leque de aquisição e é mais uma quebra no cronograma que era previsto para o Ministério da Saúde, o que atrasa a velocidade de vacinação que tanto precisamos, mas temos de continuar indo atrás de outros produtos e confiar na Anvisa, que sempre avaliou tudo que utilizamos.” Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha

“Existem um rol de justificativas que deram suporte à decisão. O mais importante é que a legislação exige uma série de documentações que comprovem as análises técnicas e eles não foram apresentados”, diz Fonseca, que também é virologista do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) e pesquisador do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio da Fonseca.

Sputick  critica a decisão:

“Os atrasos da Anvisa (agência reguladora de saúde do Brasil) na aprovação da Sputnik V são, infelizmente, de natureza política e não têm nada a ver com acesso à informação ou aspectos científicos”, diz a conta da vacina russa no Twitter.

“O Ministério da Saúde dos EUA, em seu relatório anual de 2020 há vários meses, declarou publicamente que o adido de saúde dos EUA ‘convenceu o Brasil a rejeitar a vacina russa'”,acrescentam.

“Seguiremos em frente com nossos contatos. Se faltar informações, serão fornecidas informações. Não deve haver dúvida sobre isso”, acrescentou o porta-voz de Kremlim, Dmitry Peskov.

A vacina Sputnik V é dada em outros países além da Rússia, como México, Argentina ou Venezuela. De acordo com o Instituto Russo Gamaleya, que criou a vacina, ela foi autorizada em mais de 60 países. Em fevereiro, a prestigiada revista médica The Lancetinformou que sua eficácia era de 91,6%, fato que dissipava dúvidas sobre sua confiabilidade.

JORGE RORIZ