Igreja divulga comunicado e condena uso político do Círio

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e as deputadas federais Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF) estiveram neste sábado (8) a bordo da Corveta da Marinha Garnier Sampaio, embarcação que leva a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, e ficaram isolados no Círio Fluvial, em Belém.

 

O Planalto informou à Folha que Bolsonaro foi à capital paraense como chefe de Estado para participar do Círio. A Marinha do Brasil preferiu não comentar.

“Comunicamos não ter havido nenhum convite da parte da arquidiocese de Belém, nem da diretoria da festa de Nazaré, a qualquer autoridade seja em nível municipal, estadual ou federal”, disse nota assinada pelo arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa.

“Temos o dever de observar a plena liberdade de qualquer cidadão ou cidadã de participar dos eventos do Círio de Nazaré. Todavia, não desejamos e nem permitimos qualquer utilização de caráter político ou partidário das atividades do Círio”, completou.

 

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), criticou o que chamou de tentativa de Bolsonaro de usar a festa religiosa como palanque político.

“Recebi com profundíssima indignação a tentativa do uso político da maior demonstração de fé do povo paraense. A fé não pode ser sequestrada por uma candidatura à Presidência. Aliás, de um candidato que sequer é católico”, afirmou, apesar de Bolsonaro se declarar católico.

A romaria fluvial reuniu centenas de embarcações. Na chegada, na escadinha do cais da Estação das Docas, antiga área portuária da capital paraense, o comandante do navio da Marinha, pela primeira vez, foi quem entregou a Imagem Peregrina de Nazaré ao arcebispo metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa.

A padroeira dos paraenses e Rainha da Amazônia foi, posteriormente, conduzida pelo prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, em revista à tropa das Forças Armadas, seguindo o protocolo de honraria de chefe de Estado. Bolsonaro só desceu do navio da Marinha, após o término da cerimônia e foi embora sem falar com a imprensa. O Planalto não comentou.

JORGE RORIZ