Janot entrega Dallagnol e diz que foi pressionado a prejudicar Lula

30/10 – Correio do Brasil

Ex-procurador-geral da República, no centro de um escândalo após confessar a intenção de assassinar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o hoje advogado Rodrigo Janot lança mais gasolina ao incêndio que começou no cenário da política nacional. Ele confessou, no livro Nada menos que tudo, que foi procurado em setembro de 2016 pelo chefe da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol, para influir no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No livro, Janot relata histórias de sua passagem pela chefia do Ministério Público Federal (MPF) e revela, agora, que o objetivo de Dallagnol era dar prioridade às denúncias contra Lula. Ele conta que se negou a atender ao pedido porque não poderia desobedecer a uma decisão anterior do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, que morreria depois, num acidente trágico de avião em 19 de janeiro de 2017.

Sentença
Janot acrescenta que Dallagnol e outros integrantes da Lava Jato – os procuradores Januário Paludo, Roberson Pozzobon, Antônio Carlos Welter e Júlio Carlos Motta Noronha – o pressionaram a oferecer denúncia contra Lula por organização criminosa pouco depois deles terem acusado formalmente o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Antes, durante a fase inicial do caso do tríplex, Teori havia autorizado o uso de documentos obtidos no inquérito sobre organização criminosa relacionada ao PT com a força-tarefa.

“Eles haviam me pedido para ter acesso ao material e eu prontamente atendera. Na decisão, o ministro deixara bem claro que eles poderiam usar os documentos, mas não poderiam tratar de organização criminosa, porque o caso já era alvo de um inquérito no STF, o qual tinha como relator o próprio Teori Zavascki e cujas investigações eram conduzidas por mim”, conta Janot.

Os procuradores ignoraram a decisão do ministro do STF e, no famoso power point apresentado à imprensa, colocaram Lula no centro da organização criminosa, conforme o desejo de Deltan Dallagnol, mesmo diante de frágeis evidências. Dallagnol recebeu, para tanto, o sinal verde do então juiz Sérgio Moro, autor da sentença contra o líder petista.

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JORGE RORIZ