Militância anticomunista sem contemporizações

 

Realmente o comunismo se engana com o Brasil, mas devo acrescentar também que o Brasil se engana com o comunismo. É claro que minha afirmação não se aplica a todos os brasileiros, e sim aos muitos brasileiros que de fato se enganam com o comunismo. Em relação a esse inimigo ultra-adestrado, solerte, falso, especializado em aproveitar as menores circunstâncias para desferir seu ataque, tais brasileiros pensam que ainda valem as velhas contemporizações de outrora, movidas pela nossa simpática bonomia.

Quando se trata de comunismo, essa contemporização não tem mais valor, pois não estamos diante de um adversário qualquer, mas de um felino ardiloso que, para nos devorar, tenta nos pegar à noite, no meio das trevas. Ele se vale das ilusões de nossa bonomia, e nos criará em determinado momento alguma situação consumada. No entanto, com previsão, articulação e energia podemos evitar essa situação.

Eu creio realmente que o comunismo não tomará conta do Brasil, devido à inteligência, à força e à fé do povo brasileiro. Mas a essas qualidades naturais falta acrescentar a previdência. Falta-nos aquele senso de luta continuamente mobilizado, a disposição de intervir em todas as ocasiões difíceis, numa época dura e complicada como a nossa. Pode custar-nos muito caro empreender mais tarde a nossa defesa, se o povo brasileiro não for previdente agora. É preciso estarmos de sobreaviso a respeito de tudo, para não sermos derrotados. A condição da vitória não é apenas a coragem. É também necessária a previsão, a luta oferecida no primeiro momento, a defesa que se manifesta na primeira circunstância em que ela seja necessária. Isto é indispensável para o Brasil vencer o adversário enorme que tem diante de si.

Generaliza-se entre nós um clima de calmaria, como se o perigo comunista não tivesse mais razão de ser, não existisse mais no Brasil. Esse clima conduz a uma verdadeira desmobilização psicológica e intelectual. Pelo contrário, devemos caminhar para esta perspectiva com mais audácia, mais previsão, mais senso de luta do que nunca, e eu vos conclamo para esse senso de luta, associado a um ato de fé.

Não podemos deixar-nos tomar de improviso, temos que abandonar a nossa posição tradicional de laissez-faire, da antiga contemporização que caracteriza o bom temperamento brasileiro. A militância anticomunista tem que marcar cada vez mais a nossa presença por toda parte.

  • Plinio Corrêa de Oliveira*  ( Agência Boa Imprensa)

 

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* No post “As esquerdas se enganam com o Brasil”, publicamos um trecho do discurso de Plinio Corrêa de Oliveira no auditório do Hotel Hilton, na capital paulista, em 17 de outubro de 1978, em ato para rememorar a Revolução Comunista de outubro de 1917. O trecho acima é continuação do mesmo discurso, cuja transcrição não passou pela revisão do autor.

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JORGE RORIZ