Em conversas com o Estado, interlocutores do presidente deixaram claro que a Aeronáutica, o Exército e a Marinha estão “sempre” na defesa da independência dos poderes e da Constituição. “Ninguém apoia aventura nenhuma, pode desmontar essa tese. Estamos no século 21”, resumiu uma das fontes, que ainda destacou a “retórica explosiva” do presidente que permite interpretações.
Os militares ouvidos pelo jornal disseram que ele se expressa mal e acaba colocando em risco sua postura de defensor da Carta. A frase do presidente, reclamaram, voltou a colocá-los em uma “saia justa”. Eles reafirmaram que não vão se meter em questões políticas. “É uma declaração infeliz de quem não conhece as Forças Armadas”, reagiu de forma mais dura um deles. “O problema é que deixa ilações no ar. Afinal, não há caminho fora da Constituição.”
Os ministros e comandantes militares teriam saído do encontro do Alvorada certos de uma “pacificação” por parte de Bolsonaro. Mas, na avaliação das fontes, ele voltou a ser “envenenado”, na manhã de domingo, por pessoas próximas e grupos de WhatsApp. Por tradição e hierarquia, os militares não devem fazer manifestações públicas sobre a fala do presidente.
“Neste momento em que se procura turvar o ambiente nacional pela discórdia e intriga, é importante deixar claro, como o Presidente @jairbolsonaro declarou ontem, que ninguém irá descumprir a Constituição. Agora, cada Poder tem seus limites e responsabilidades.” VICE PRESIDENTE, HAMILTON MOURÃO
Gen. Paulo Chagas: “As forças rmadas não vão embarcar numa aventura golpista”As forças Armadas não vão patrocinar uma aventura golpista protagonizada por Jair Bolsonaro. A afirmação é do General Paulo Chagas, um dos maiores aliados do atual Presidente
“A liberdade de expressão é requisito fundamental de um país democrático. Qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável. As Forças Armadas estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade. Este é o nosso compromisso”, escreveu o General do Exército, Azevedo e Silva, ministro da Defesa.
Em conversas reservadas, os militares tentam esclarecer que não participarão de rupturas institucionais e que não é esse o tipo de sustentação que dão ao presidente. Segundo interlocutores da cúpula militar, um dos problemas está apenas na forma como o presidente manifesta publicamente o apoio que recebe das Forças Armadas. Há uma avaliação de que Bolsonaro se expressa mal na forma como se comunica.
No sábado, estiveram com Bolsonaro por mais de uma hora no Alvorada os ministros Braga Netto (Casa Civil); Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo); Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional); e Fernando Azevedo (Defesa). Estiveram presentes ainda os comandantes do Exército, Edson Pujol; da Aeronáutica, Antonio Carlos Bermudez; e da Marinha, Ilques Barbosa Júnior. Lá, compartilharam o entendimento do presidente de que o STF havia exagerado ao intervir em atos do governo.
Fonte: Estadão