Ministro da Defesa pede demissão por não concordar com movimentos golpistas

O general Fernando Azevedo disse a interlocutores próximos que saiu do ministério da Defesa porque não queria repetir o que viveu em maio passado. Maio de 2020 foi o mês em que bolsonaristas realizaram diversas manifestações pedindo intervenção militar e atacando o Supremo Tribunal Federal.

O mês começou com Bolsonaro recebendo e cumprimentando manifestantes na rampa do Palácio do Planalto e afirmando que “chegou ao limite”, que não iria “admitir mais interferência” e que “não tem mais conversa” com o Supremo. O presidente vivia então uma crise com a corte, porque o ministro Alexandre de Morais havia anulado em decisão monocrática a nomeação de Alexandre Ramagem para dirigir a Polícia Federal. Na ocasião, o presidente chegou a afirmar que “as Forças Armadas estão ao nosso lado”.

Em reação, Fernando Azevedo teve de divulgar uma nota dizendo que a “Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País”. É mais ou menos o teor de sua carta de demissão, em que diz: “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado.”

 

JORGE RORIZ