Morreu aos 98 anos em São Paulo, a escritora Lygia Fagundes Telles, integrante da Academia Brasileira de Letras desde de 1985, se tornando a terceira mulher a entrar para a ABL.
Segundo Juarez Neto, da Academia Brasileira de Letras (ABL), ela faleceu em casa, de causas naturais.
Em 1996, em entrevista ao programa Roda Viva, Lygia falou sobre a morte. “Quando a morte olhar nos meus olhos e disser ‘vamos’, eu digo ‘estou pronta, fiz o que eu pude'”. ,
Em outro momento, ela dizia “eu já era feminista no tempo em que não se sabia o que era feminismo”.
“Estou agindo como uma pessoa com um ser político. Gosto de me sentir contestada, questionada, de me sentir provocada, que é uma forma de lutar melhor”, afirmou Lygia.
Lygia recebeu vários prêmios ao longo da carreira, tais como o Camões (2005), e o Jabuti (1966, 1974 e 2001). Ela tem obras traduzidas para o alemão, espanhol, francês, inglês, italiano, polonês, sueco, tcheco, português de Portugal, além de adaptações de suas obras para o cinema, teatro e TV.
Nascida em São Paulo em 19 de abril de 1923 , escreveu seu primeiro conto, “Vidoca”, em 1938.
Com apenas 15 anos, publicou seu primeiro livro de contos, “Porão e Sobrado”.
Ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, onde se formou. Também cursou a Escola Superior de Educação Física da mesma universidade.
Ligya tinha entre seus amigos, os escritores Carlos Drummond de Andrade e Erico Verissimo, que muito incentivaram seu trabalho.
Lygia considerava Ciranda de Pedra (1954) o marco inicial de suas obras completas. O romance virou novela na TV Globo quase 30 anos depois, em 1986.
Ainda nos anos 1950, foi publicado o livro Histórias do Desencontro (1958), que recebeu o Prêmio do Instituto Nacional do Livro.
O segundo romance, Verão no Aquário (1963), Prêmio Jabuti, saiu no mesmo ano em que já divorciada casou-se com o crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes. Em parceria com ele, Lygia escreveu o roteiro para cinema Capitu (1967) baseado em Dom Casmurro, de Machado de Assis.
A década de 1970 foi de intensa atividade literária e marca o início da sua consagração na carreira. A escritora publicou alguns de seus livros mais importantes: Antes do Baile Verde (1970), As Meninas (1973), Seminário dos Ratos (1977) e o livro de contos Filhos Pródigos (1978).
Em 1977, em plena ditadura, foi uma das autoras do “Manifesto dos intelectuais” contra a censura.
Pensamentos de Lygia:
“Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim. ”
“Tenho pouco tempo. Sei que esta essência (alma?) que me habitou tantos anos não vai agora se esfarelar como a pedra, sei que vou continuar, mas onde?” (Lygia Fagundes Telles, Anão de Jardim)
“A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas” – Ciranda de Pedra, 1954. Ed. Nova Fronteira, 1984. Lygia Fagundes Telles, vá em paz e harmonia.
Informações do G1.