Na Bahia o “homem bomba” usa “balas” de gengibre

24/07/2016

Candidatos que fariam o exame da OAB, desesperados com o “Homem Bomba”

DEPOIMENTOS DE QUEM ESTAVA NO LOCAL: ( Clique na primeira seta à esquerda)

O Exame da OAB-BA que seria realizado neste domingo 24/04, foi adiado. Um homem ameaçou explodir a Universidade Jorge Amado ( um dos locais de realização das provas) e o local foi evacuado e cercado pela polícia e esquadrão anti-bomba.
Frank Oliveira da Costa,  com sinais de problemas psiquiátricos, foi o causador da confusão. Na realidade ele estava com o corpo coberto por bombons ( balas) de gengibre e algumas fitas de cor verde. Ele reclama que faz o exame da OAB há décadas e nunca é aprovado…..
NOTA DA OAB
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai avaliar a situação deste domingo (24), quando seria realizada a 1ª fase do exame da ordem em Salvador, na Unijorge, para então agendar uma nova data para aplicação das provas. Por volta das 13h, quando as provas começavam a ser distribuídas aos estudantes, um homem ameaçou explodir o local com bombas. “O Conselho Federal vai divulgar uma nova data, para ser visto se será mantida a data da segunda fase”, explicou Betha Nova, presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB-Bahia. A segunda fase está prevista para acontecer em setembro. Em entrevista no local do incidente, Betha ainda respondeu às críticas referentes à segurança durante as provas e atribuiu à Fundação Getúlio Vargas (FGV) a responsabilidade pelo processo. “Fiscalizamos efetivamente a aplicação do exame, se há alguma intercorrência. Questões de logística não temos como passar”
NOTA À IMPRENSA
ESCLARECIMENTO UNIJORGE
No início da tarde deste domingo, 24 de julho, durante os preparativos para o início da 1ª fase do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Salvador, que seria realizado no  prédio 1 do campus Paralela da instituição, um homem até então não identificado ameaçou explodir artefatos que carregava consigo. Apesar da correria, felizmente o prédio foi evacuado, sem vítimas ou reféns. A Polícia Militar foi acionada e, chegando rapidamente ao local, o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) assumiu a situação, isolando o incidente à sala 711, no 7º andar, onde o suspeito se encontrava.
Pouco depois das 16h30, aconteceu a rendição, com a prisão do homem e a retirada do artefato intacto para investigação. O homem foi identificado como Frank Oliveira da Costa. Ainda não é sabido o que teria motivado o ocorrido e a investigação está a cargo da Polícia.
O prédio 1 do campus Paralela é frequentemente alugado para realização de provas e concursos. Nessas ocasiões, o locatário assume na totalidade a operação do espaço, sendo responsável por limpeza, acesso, segurança, dentre todas as outras atividades necessárias para o pleno funcionamento do local. É a primeira vez que é registrado um incidente do tipo. Tão logo soube do ocorrido, a Unijorge se prontificou a dar acesso às centrais de monitoramento e controle para que a polícia pudesse  atuar com a agilidade necessária, estando presente durante todo o tempo até a evacuação completa do campus e resolução final da situação.
[Graças a Deus tudo acabou bem
Depoimento do juiz federal Durval Neto
“Sobre o “homem-bomba” no exame de ordem de hoje na Unijorge, alguns esclarecimentos que podem ajudar a compreender que se trata de um rapaz muito doente.
Há cerca de duas semanas, eu estava no plantão judicial e esse cidadão esteve no prédio dos Juizados Federais, insistindo em falar com o juiz. Como já eram mais de 19h e ele se mostrava visivelmente agressivo, a segurança me contactou sobre como proceder. Como é de praxe no plantão, solicitei ao diretor de secretaria que descesse para verificar qual seria o pleito de urgência e desse recibo no pedido. Porém o rapaz não falava coisa com coisa, gritava muito, negou-se a entregar sua petição ao diretor e queria a todo custo falar pessoalmente comigo, tendo a segurança barrado o acesso. Liguei então para a portaria e pedi para garantirem a ele que eu iria ler o pedido e que se fosse realmente urgente, despacharia imediatamente no plantão. Quando recebi o expediente dele, vi um texto totalmente desconexo, questionando o exame de ordem e outros pontos que não consegui compreender, mas sem qualquer urgência, até porque o exame ainda seria dali a duas semanas. Diante disso, encaminhei à livre distribuição. Eu soube que o pedido dele está tramitando normalmente.
Eis que, na tarde de hoje, recebo um telefonema de um amigo ligado à polícia e que estava acompanhando uma situação de um rapaz que se dizia estar portando explosivos na prova da OAB e exigia a presença de um juiz federal para se entregar. No mesmo momento, ligou-me o diretor de secretaria, dizendo que se tratava exatamente da mesma pessoa que dias antes havia entrado com o pedido no plantão contra a OAB.
Preocupado com a situação, já que o garoto ameaçava detonar o explosivo e a polícia especializada estava no local pronta para agir, podendo haver uma morte totalmente desnecessária, aceitei o pedido e a polícia veio me buscar para participar das negociações.
Chegando ao local, fui levado a uma sala onde o coronel Coutinho, comandante do BOPE, explicou-me que o jovem disse que somente se entregaria se um juiz federal assinasse uma “sentença” que ele havia elaborado, para com isso “provar” estar ele apto a exercer a advocacia. Me foi então apresentado um papel escrito pelo rapaz, de caneta, no qual ele colocou um espaço para assinatura com a indicação “juiz federal”. Eu assinei e entreguei minha carteira funcional ao policial, para que o rapaz visse que era um juiz federal realmente ali. Então, o rapaz disse que inclusive tinha sido meu aluno e se entregou logo em seguida.
A polícia fez todo o procedimento técnico para averiguar se na mochila havia algum artefato e o resultado felizmente foi negativo.
Quero aqui registrar o meu testemunho de que a todo momento a PM da Bahia (BOPE) mostrou-se profissional e solidária com a preservação da vida humana. Mesmo havendo atiradores de elite postados no local, buscou-se a todo momento negociar com o suspeito e a minha presença lá se deu com esse intento. Felizmente a vida do rapaz foi preservada nessa confusão que ele causou.
Quero dizer também que fiquei bastante deprimido com o que vi. Um rapaz novo, mal vestido, abatido e que precisa de cuidados psiquiátricos. Na sua mochila nada havia além de pano velho, frutas (duas bananas nanicas) e balas de gengibre. Mas ele realmente portava um cinturão verde com alças, dando a impressão de conter bombas. Daí o pânico que gerou.”

 

Por volta das 15h50, o grupo anti-bomba chegou no local (Foto: Maiana Belo/G1)
(Foto: Maiana Belo/G1)
Até a Polícia Federal esteve no local.
JORGE RORIZ