‘Não preciso fritar ministro para demitir’, diz Bolsonaro sobre Moro

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido-RJ) negou qualquer atrito com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e disse que não precisa ‘fritar’ publicamente ministros com a intenção de demiti-los. Em entrevista ao Jornal da Band , da TV Bandeirantes, nesta sexta-feira, 24, o presidente elogiou o trabalho de Moro à frente da pasta, mas ressaltou o papel de governos estaduais na melhoria de índices de segurança pública do País.

“(Moro) está fazendo um bom trabalho no tocante à segurança, juntamente com os secretários de Estado. Não é o trabalho nosso apenas, ele faz a parte dele”, disse Bolsonaro. “Eu não preciso ‘fritar’ ministro para demitir.”

Moro já foi criticado por governadores após dar declarações que ressaltam seu papel na diminuição de homicídios no País. O tema é atribuição dos governos estaduais, e discutido em fóruns como o Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública, que articula ações em conjunto entre governos estaduais.

 

O presidente Jair Bolsonaro recuou e disse, nesta sexta-feira (24), que não tem intenção de estudar uma divisão no ministério de Sergio Moro. O presidente vai passar os próximos dias na Índia, em visita oficial.

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Nova Délhi, na Índia, como convidado do primeiro ministro, Narendra Modi, para participar do Dia da República, data que marca o aniversário da Constituição indiana, assinada em 1950, e que será comemorada no domingo (26). Num dia sem agenda oficial, Bolsonaro aproveitou para tentar resolver assuntos da pauta interna.

Logo que chegou ao hotel, no início da tarde, horário local, afastou a hipótese de recriar o Ministério da Segurança Pública, o que tiraria a pasta das mãos do ministro da Justiça, Sergio Moro.

Segurança e Justiça eram dois ministérios no governo de Michel Temer. Em novembro de 2018, recém-eleito, ao convidar o então juiz Moro para compor o governo, Bolsonaro disse que ele ocuparia um superministério.

“Eu concordei com 100% do que ele propôs. Ele queria uma liberdade total para combater a corrupção, o crime organizado e um ministério com poderes para tal”.

Agora, a hipótese de a pasta ser dividida foi levantada por alguns secretários de Segurança Pública de 17 estados numa reunião com o presidente, sem a presença de Moro.

Antes de embarcar para a Índia, Bolsonaro admitiu que o fatiamento seria estudado. A possibilidade de perder espaço foi mal recebida pelo ministro. A assessores, Moro manifestou sua contrariedade e a hipótese agora foi descartada.

“A chance no momento é zero. Tá bom ou não? Tá bom, né? Não sei amanhã. Na política tudo muda, mas não há essa intenção de dividir, não há essa intenção. Não conversei com Moro, ele nem precisou ligar para mim, mandar mensagem para mim, simplesmente está ignorado o fato”, disse.

Bolsonaro também descartou outra ideia que começava a ser discutida dentro do governo: a criação de um imposto que incidiria sobre produtos como bebidas, cigarro e que têm adição de açúcar como sorvete. Ao divulgar o estudo durante o Fórum Econômico de Davos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o batizou de “imposto do pecado”.

Mas o presidente negou qualquer possibilidade de aumento de impostos.

“Paulo Guedes, desculpa aí, você é meu ministro, te sigo 99%, mas aumento de imposto para a cerveja, não. Não tem como aumentar mais a carga tributária no Brasil. Todo mundo consome algo de açúcar todo dia, não dá para aumentar”.

A única agenda do presidente foi um passeio por Nova Délhi. Visitou, com a filha e a enteada, além de parte da comitiva, o templo de Akshardham, o maior templo hindu do mundo.

No hotel, ministros que o acompanham na viagem preparavam os acordos que serão fechados com os indianos.

Os acordos serão oficializados no sábado (25), na reunião entre Bolsonaro e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. São 15 acordos e memorandos que têm por objetivo facilitar o investimento e intensificar a cooperação em bioenergia, por exemplo.

O Brasil quere potencializar as relações comerciais com a Índia que movimentam hoje US$ 7 bilhões, muito abaixo dos US$ 100 bilhões com a China. A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, grande mercado consumidor que também pode ser importante fonte de investimento.

JORGE RORIZ