Nutrição: nem tudo que é natural é saudável e indicado ao paciente oncológico

Desnutrição que atinge a maioria das pessoas com câncer pode ser combatida com qualidade e cuidado alimentar

Perto de 70% dos pacientes com câncer apresentam algum grau de desnutrição no curso da doença. A complicação pode comprometer o tratamento, impedir que o corpo combata as infecções e causar fadiga excessiva, entre outros efeitos negativos. Neste 31 de março, Dia Nacional da Saúde e Nutrição, o Centro de Oncologia Campinas reforça o importante peso da alimentação no combate às neoplasias malignas. Por meio da cartilha dada aos pacientes, o COC também explica por que nem tudo que é natural é saudável e pode ser consumido pela pessoa com câncer.

A definição da palavra nutrição ajuda a entender a relevância do que é ingerido pelo ser humano. Trata-se do processo biológico em que o organismo, por meio dos alimentos, assimila os nutrientes necessários para funcionar plenamente. E os pacientes oncológicos dependem das respostas positivas do organismo para superar a doença.

Ananda Giovana Cabral Silva, (foto) nutricionista oncológica e responsável técnica no Centro de Oncologia Campinas, destaca que a alimentação é determinante tanto na prevenção do câncer quanto no êxito das diferentes fases do tratamento. “A alimentação saudável é basicamente a mesma para todos, como preconizado pelo Guia Alimentar para a população brasileira, pacientes com câncer ou não”, confirma, salientando que no caso da oncologia, existem algumas orientações especiais, muitas delas direcionadas à segurança dos alimentos.

Cuidados no manuseio, higienização e preparação são necessários para garantir a prevenção de intoxicações e parasitoses, por exemplo. “Com a queda da imunidade, o paciente oncológico fica mais suscetível a qualquer tipo de doença, por isso pedimos especial atenção e cuidado com a alimentação e como ela é preparada”, orienta a nutricionista. “Não podemos deixar de considerar também que, dependendo da gravidade da doença, ter de interromper o tratamento em razão de uma dessas causas alimentares pode prejudicar o estado do paciente”, completa.

Dentre as orientações de nutrição que constam da cartilha do COC, há a que derruba a errônea ideia de que o cozimento elimina todos os riscos de contaminação dos alimentos. “Dependendo do tipo de bactéria que estiver presente nesse alimento, ela pode produzir toxinas e causar toxinfecção. O cozimento elimina a bactéria, mas não a toxina produzida por ela”, detalha e exemplifica: “O Clostridium botulinum pode estar presente em alimentos enlatados. O que gera botulismo é a toxina que esta bactéria produz e não a bactéria em si”.

Ananda orienta que não há restrição ao consumo de frutas, verduras e legumes in natura, desde que se garanta a segurança desses alimentos. “Fazer todo o processo de higienização com água sanitária ou hipoclorito de sódio é fundamental, assim como observar se os alimentos consumidos cozidos devem estar sempre bem passados, como no caso da carne, frango, peixes e ovos.”

Os riscos das receitas caseiras

 

Assim como em todo tratamento, seguir exclusivamente as orientações do profissional médico e da equipe multidisciplinar responsável pelo atendimento é imprescindível para os pacientes oncológicos. No que se refere à nutrição, a cartilha elaborada pelo COC traz uma importante observação: sobre os riscos das “receitas caseiras” que prometem ajudar a eliminar o câncer.

Ginkgo biloba, babosa, erva de são joão e folhas de graviola são alguns dos exemplos de plantas medicinais recomendadas em redes sociais e grupos de compartilhamento aos pacientes oncológicos para ajudar no processo de cura da doença. Na verdade, o consumo de qualquer produto sem recomendação de um profissional pode provocar efeito inverso.

“São ervas tóxicas para nosso organismo, muito difundidas na cultura popular para auxiliar o combate ao câncer. Hoje há relatos na literatura de que elas podem colaborar para desencadear problemas hepáticos e renais, ou aumentar a toxidade dentro da terapia ou do tratamento que é realizado, colocando em risco a vida do paciente. O paciente já vai consumir várias medicações, o tratamento por si só agride nosso organismo. Se entrar com uma erva que é tóxica, a chance de ter uma falência hepática pode ser aumentada”, ensina.

Ananda reforça: não é porque é natural que é saudável e pode ser consumido. “Temos ainda de pensar na identificação correta dessa erva, pode ocorrer a comercialização de outros tipos de ervas no lugar, sem contar a possibilidade de contaminação de alimentos secos, que têm fungos. Tudo isso se soma à questão de se elevar a toxicidade do tratamento”.

Sobre o COC

 

O Centro de Oncologia Campinas dispõe de uma equipe multidisciplinar para oferecer todos os níveis de cuidados aos pacientes, incluindo serviços complementares ao tratamento. Possui salas de imagens, de quimioterapia, radioterapia, análises clínica e imunoterapia. Também realiza atendimentos nas áreas de oncogenética, psico-oncologia e hematologia, dentre outras.

Mais de 30 médicos compõem o Corpo Clínico do Centro de Oncologia Campinas. Na sua maioria, especialistas detentores de excelência técnica, resultado da natureza e origem de suas respectivas formações. Serviços de nutrição, educação física, fisioterapia, odontologia e farmácia complementam os cuidados de pacientes dentro da instituição, que atende mais de 30 convênios médicos.

O Centro de Oncologia Campinas completará 45 anos de história em novembro de 2022. Fica localizado à Rua Alberto de Salvo, 311, Barão Geraldo, Campinas. O telefone de contato é (19) 3787-3400.

Para conhecer mais sobre o Centro de Oncologia Campinas acesse: Centro de Oncologia Campinas

JORGE RORIZ