O esforço do combate às fake news em ano eleitoral

 

Por Francisco Gomes Júnior

Um dos temas mais mencionados quando se fala das eleições que ocorrerão neste ano é o das fake news. Há uma preocupação geral da sociedade em que mentiras não sejam usadas de forma indiscriminada para induzir ao erro aqueles que não consigam enxergam os truques.

Como órgão responsável por garantir uma eleição justa e que reflita a vontade do povo, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem atuado, buscando as empresas responsáveis pelas plataformas de aplicativos (Facebook, WhatsApp, Twitter, Telegram) para que estabeleçam filtros que permitam detectar notícias falsas e impedir sua divulgação. Além disso, haverá canais de denúncias nos aplicativos e há o compromisso de que serão apreciadas em curto tempo.

Muitos subestimam a importância que as mídias sociais terão nas eleições, mas diante de um possível equilíbrio de forças em um pleito polarizado, elas serão de fundamental importância e poderão até mesmo garantir a vitória de algum dos candidatos. E há especialistas partidários que explorarão ao máximo as facilidades dos aplicativos, até o limite da legalidade ou mesmo além, com o objetivo de maximizar suas chances de vitória e minar a credibilidade de seu adversário.

Notadamente, há uma dianteira das forças de direita nas mídias sociais, em decorrência de terem compreendido melhor e antecipadamente a força das redes sociais. Mas a esquerda busca superar a desvantagem atual, incrementando sua presença nas redes. A batalha será dura e sangrenta. Será uma campanha das mais pesadas que este país já viu e técnicas de propagação de mentiras serão muito utilizadas. Para que você não se torne vítima de uma fake news ou deepfake, necessário que se preste atenção a algumas dicas:

  1. Cuidado com vídeos chocantes ou reveladores de um candidato. No recurso conhecido como deepfake, um vídeo utilizando a imagem de uma pessoa e insere frases não ditas por ela. O exemplo emblemático desse tipo de recurso é um vídeo de Barack Obama dizendo frases que na realidade eram ditas por alguém que não aparecia na filmagem;
  2. Nesse tipo de vídeo o candidato que se quer difamar certamente falará em temas reprovados pela sociedade. Imagine um candidato dizendo que apoia a pedofilia ou mesmo que tem um pacto com o demônio. Serão vídeos fortes assim, com o objetivo de chocar e provocar repulsa imediata àquele candidato no vídeo;
  3. Até mesmo a presença de alguma pessoa em uma reunião pode ser inverdade. Atualmente, existe recurso para entrar em uma reunião no zoom com o rosto de uma celebridade ou com foto de banco de dados. Esse recurso é conhecido como DeepFaceLive;
  4. Cuidado também com vídeos onde o candidato apareça bêbado. Nos Estados Unidos, a deputada democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara, teve uma fala sua com velocidade reduzida, para dar a impressão de que ela estava embriagada. O vídeo foi compartilhado pelos seus adversários e teve 2,2 milhões de visualizações em 48 horas.

Atualmente, muitas fotos usadas em perfis em redes sociais são de pessoas que nem existem. O site This Person Does Not Exist exibe retratos de pessoas com rostos gerados por algoritmos. Impossível distinguir um rosto criado de um real.

Mas, como combater essas ferramentas? Na era digital, a forma de extinção desses mecanismos de fabricação de mentiras passa pelo desenvolvimento de ferramentas capazes de identificar as montagens. No entanto, enquanto não forem desenvolvidas tais ferramentas, a melhor solução é a de sermos prudentes e observadores antes de propagar uma postagem “bombástica”, checando sua origem e quem a encaminhou. Na dúvida, desconfie, pesquise e recorra a algum dos sites de checagens de notícias que existem.

Francisco Gomes Júnior – Sócio da OGF Advogados. Especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Autor do livro Justiça Sem Limites. Instagram: https://www.instagram.com/franciscogomesadv/

 

 

JORGE RORIZ