O perigo do caos: o povo brasileiro sem esperanças

Jorge Roriz

Um país que não confia na sua justiça , no parlamento , imprensa e outras instituições que são a base da democracia, caminha para o caos total, desordem e atraso.
Isso foi feito pelos “donos da verdade” que acusaram inocentes, mantiveram prisões ilegais, publicaram delações falsas prejudicando reputações; E quando alguns reclamaram desses erros, eram taxados de ignorantes ou destruidores da Lava- Jato.
Colocaram todos( ladrões e honestos) no mesmo saco de farinha. Confundiram a opinião pública e assim, caminhamos para o caos.
OS BANDIDOS POUSAM DE VÍTIMAS E OS QUE FAZEM ALGO PELO PAÍS OU OS INOCENTES SÃO ACUSADOS DE SEREM BANDIDOS.
Como bem diz Reinaldo: conseguiram jogar o país na desesperança, na descrença, quem sabe no niilismo.
“Rodrigo Janot foi bem-sucedido no seu esforço de inventar um PMDB e um PSDB mais corruptos do que o PT.”

 

Pesquisa: Deus está morto, Nietzsche está morto, Marx está morto, e eu não estou muito bem

Reinaldo Azevedo

Quando eu era estudante, militante político, um dos temas, adivinhem!, era  “a crise das ideologias”. A frase-símbolo poderia ser assim definida: “Deus está morto. Nietzsche está morto. Marx está morto. E eu mesmo não me sinto muito bem”. Foi o que me ocorreu ao ler pesquisa Ipsos, encomendada pelo Estadão, que traz a percepção dos brasileiros sobre 27 figuras públicas

O jornal só publica o gráfico do mais rejeitado para o menos, e um dado importantíssimo acaba escapando. E não adianta tentar já nem digo “tapar o sol com a peneira”, mas usar a peneira para tentar iluminar a escuridão. Mais uma questão: o levantamento mostra o desastre provocado pelos desvios da Lava Jato. Rodrigo Janot e seus candidatos a Robespierres conseguiram jogar o país na desesperança, na descrença, quem sabe no niilismo. E não se enganem: figuras de proa da operação também sofrem um evidente desgaste.

Vamos ver. Rodrigo Janot foi bem-sucedido no seu esforço de inventar um PMDB e um PSDB mais corruptos do que o PT. O presidente Michel Temer lidera o ranking da desaprovação, com 93%. Só 3% o aprovam. É claro que isso não traduz uma avaliação objetiva do seu governo. O que conta aí é a patuscada armada com Joesley Batista para depor o chefe do Executivo. O mesmo se diga do tucano Aécio Neves, com 91% de reprovação e os mesmos 3% de aprovação.

Na sequência, os mais rejeitados são Eduardo Cunha (91%), Renan Calheiros (84%), José Serra (82%), FHC (79%), Dilma Rousseff (79%), Geraldo Alckmin (73%), Rodrigo Maia (72%). E só então vem Lula, com 66%. Entre os políticos, o chefão do partido que comandou o petrolão está empatado, em rejeição, com Marina Silva (65%), Ciro Gomes (63%) e Henrique Meirelles (62%). E a aprovação ao nome do petista é maior do que o de toda essa gente. Entenderam? Figuras cujos nomes não foram envolvidos em denúncias estão em pior situação do que Lula.

Judiciário e Lava Jato
A pesquisa quis saber também como os brasileiros avaliam alguns nomes ligados ao Judiciário e à Lava Jato. Poucos têm o que comemorar. Atacado por uma onda de difamação, o ministro Gilmar Mendes é rejeitado por 67%. Ocorre que, em seguida, vem ninguém menos do que Rodrigo Janot, com 52%. Na sequência, estão Edson Fachin (51%), Carmen Lúcia (47%), Deltan Dallagnol (45%), Sérgio Moro (37%) e Joaquim Barbosa (36%).

Falemos um pouco de Dallagnol. O rapazola espevitado é rejeitado por 45%. Mas atenção! A pesquisa também mede a aprovação: só 13% aceitam totalmente, ou um pouco, a sua atuação. Com rejeição de 52%, Janot é aprovado por apenas 22%. Há o risco de a Lava Jato começar a experimentar um pouco do próprio veneno.

Os “doriazistas” podem tentar comemorar os números do seu pré-candidato, mas sabem que será mera forçada de mão. A sua rejeição está acima de 50% (52%), empatado com Jair Bolsonaro (56%), mas este aparece numericamente à frente na aprovação, com 21%, contra 19% do tucano. O saldo negativo de Bolsonaro é de 35 pontos; de Dória, de 33, em empate com o de Lula, que é de 34.

Aprovação
Considerados os 27 nomes pesquisados, quem é o menos rejeitado? Joaquim Barbosa (36%), que é aprovado por 47%, com 11 pontos de saldo positivo. Em seguida, vem Moro, com os nada desprezíveis 37% de reprovação, mas ainda 55% de aprovação, um saldo de 18. E só uma outra figura pública escapa do saldo negativo: Luciano Huck, reprovado por 42%, sabe-se lá por quê, e aprovado por 44%. Todos os outros 24 nomes acumulam saldo negativo — vale dizer: têm uma rejeição maior do que a aprovação.

Não adianta tentar iluminar a escuridão com a peneira.

Entre os políticos, Lula aparece em 10º na rejeição. Se considerarmos os 27 nomes, está em 11º. Caso, no entanto, se faça o ranking ao contrário, a partir da aprovação, aí temos números que dão o que pensar: com 32%, o petista é o quarto mais aprovado: perde apenas para Moro (55%), Barbosa (47%) e Huck (44%), que não disputarão a Presidência. O saldo negativo do ex-presidente é de 34 pontos (66% de rejeição), mas o de Janot é de 30, já que 52% o reprovam e só 22% o aprovam.

Neste sábado, Deltan, o aprovado por 13% e rejeitado por 45% (saldo negativo de 32, em empate com Lula), concedeu uma palestra a uma turma do mercado financeiro. Demonizou a política e os políticos e não descartou se candidatar um dia. No domingo, o Vem Pra Rua reuniu meia-dúzia de gatos-pingados para fazer a mesma coisa. O que vocês querem que eu diga? (leiam post).

Essa história de que é a rejeição que elege os candidatos, não a aprovação, é conversa mole. Isso vale em reta final de segundo turno. Ao longo de uma campanha, a rejeição pode diminuir ou se expandir. Aprovação também.

Uma coisa é certa: o PT saiu destroçado das eleições de 2016. Deveria estar pedindo água. Em vez disso, o que se tem é gente torcendo para Lula ser condenado logo e, assim, não disputar. Essa obra trágica tem assinaturas: Lava Jato, Rodrigo Janot e os procuradores aloprados.

Ressuscitaram Lula. Alerto para isso desde novembro do ano passado. Ainda pior do que isso: incentivam a desesperança, a melancolia e o niilismo, que consiste em não ver saída viável.

A Lava Jato poderia ter salvado o Brasil da fúria dos ladrões aloprados. Em vez disso, corre o risco de condená-lo a um futuro trágico.

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JORGE RORIZ