Os riscos associados ao entretenimento com animais silvestres

A pandemia da Covid-19, cujo vírus saltou de animais silvestres explorados para fins de alimentação, é o melhor exemplo disso, e nós precisamos aprender com a situação atual se quisermos evitar futuras pandemias. Para se ter uma ideia, nos últimos 30 anos, cerca de 70% de todas as doenças transmitidas de animais para humanos tiveram origem nos animais
Estudo encomendado pela ONG Proteção Animal Mundial também aponta que brasileiros não têm informações sobre esse comércio; campanha #MeDeixaSerSelvagem visa o fim do comércio de vidas silvestres

São Paulo, 27 de outubro de 2020 – A pandemia ocasionada pela Covid-19 tem aumentado a preocupação de especialistas sobre as interações entre humanos e animais silvestres por meio de atrações turísticas. Um estudo encomendado pela ONG Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) à startup de pesquisa Hello Research mostra que mais de 60% dos turistas brasileiros que consomem esse tipo de entretenimento tem conhecimento sobre a transmissão de doenças por contato com os silvestres, mas nem todos se envolveriam em medidas de combate a esse comércio.Desenvolvido como parte da campanha #MeDeixaSerSelvagem, que tem o objetivo de exigir dos líderes dos países do G-20 o fim do comércio global de animais silvestres, esse estudo analisou, entre agosto e setembro deste ano, os perfis e percepções de turistas brasileiros que em 2019 e 2020 viajaram ou tem intenção de nos próximos 3 anos viajar para destinos com delfinários – parques e atrações destinados à exibição de golfinhos e outros mamíferos marinhos.

Ao analisar o conhecimento destes turistas sobre os riscos aos seres humanos de interações com animais silvestres, 56% dos entrevistados afirmam que acreditam totalmente sobre o risco de transmissão de doenças no contato do ser humano com animais selvagens, seguidos por 42% que acreditam parcialmente, e 1% que não acredita e/ou não sabe.

Porém, ao serem questionados sobre a participação em atrações de entretenimento com animais selvagens, a maior parte dos respondentes disse que participaria mesmo com risco de transmissão, mas com restrições. Ao considerar os participantes, 30% disse que procuraria se informar para saber o risco real de participar ou não de uma atração com esses animais; 23% participaria de uma atração, mas tomaria alguns cuidados para se preservar, como manter uma distância segura, por exemplo. Já 6% afirmou que não tomaria nenhuma precaução ao participar.

Para João Almeida, gerente de campanhas da Proteção Animal Mundial, mesmo com o conhecimento dos turistas sobre os riscos do contato humano com animais silvestres, os dados ainda mostram que falta conscientização, e aplicação do conhecimento existente, por parte da população, assim como leis e maior fiscalização do governo. “Além de gerar um enorme sofrimento a milhares de animais em todo o mundo, o comércio e a exploração dessas espécies pelas indústrias do turismo e entretenimento favorecem as contaminações por zoonoses e ameaçam a saúde da população. A pandemia da Covid-19, cujo vírus saltou de animais silvestres explorados para fins de alimentação, é o melhor exemplo disso, e nós precisamos aprender com a situação atual se quisermos evitar futuras pandemias. Para se ter uma ideia, nos últimos 30 anos, cerca de 70% de todas as doenças transmitidas de animais para humanos tiveram origem nos animais selvagens. Com isso, nós da Proteção Animal Mundial acreditamos que se não houver um olhar mais analítico e crítico por parte das autoridades mundiais, além da saúde da população, a economia, o emprego e a biodiversidade globais também serão afetadas”, afirma Almeida.

Apoio ao combate de compra e venda de animais selvagens
Ainda segundo dados da pesquisa, ao serem questionados sobre as medidas já criadas pelo governo brasileiro, 69% dos turistas brasileiros entrevistados apontaram que apoiariam um ‘Melhor rastreamento e monitoramento do comércio de vida silvestre no Brasil’, seguido por ‘Leis mais fortes para reduzir o comércio de animais silvestres no país’ (65%); ‘Mais investimento nas fiscalizações de fronteiras’ (64%), e ‘Protocolos sanitários mais rigorosos para o comércio de animais silvestres no Brasil’ (47%).

Dia 21 de novembro – Dia de Combate ao Comércio Mundial de Animais Silvestres
No dia 21 de novembro deste ano, os líderes das vinte maiores economias do planeta vão se reunir no encontro anual do G20 para discutir ações que visam mudar o mundo nos próximos anos. Este dia vai marcar o Dia de Combate ao Comércio Mundial de Animais Silvestres, criado pela Proteção Animal Mundial com o objetivo de pautar a conversa dos líderes mundiais em torno do assunto e, a partir daí, os governos, incluindo o brasileiro, tomarem medidas mais sérias para o fim deste comércio que coloca a vida humana em risco.

Para mais informações, acesse: www.medeixaserselvagem.org.br


Sobre a ONG Proteção Animal Mundial

A ONG Proteção Animal Mundial move o mundo para proteger os animais por mais de 50 anos. A organização trabalha para melhorar o bem-estar dos animais e evitar seu sofrimento. As atividades da organização incluem trabalhar com empresas para garantir altos padrões de bem-estar para os animais sob seus cuidados; trabalhar com governos e outras partes interessadas para impedir que animais silvestres sejam cruelmente negociados, presos ou mortos; e salvar as vidas dos animais e os meios de subsistência das pessoas que dependem deles em situações de desastre. A organização influencia os tomadores de decisão a colocar os animais na agenda global e inspira as pessoas a mudarem a vida dos animais para melhor.

JORGE RORIZ