Procuradores e governadores assinam carta contra inoperância do Ministério da Saúde

Procuradores de 24 estados assinam documento.

O Ministério Público Federal (MPF) enviou nesta quinta-feira (4) uma recomendação para que o Ministério da Saúde adote medidas contra o colapso das redes de saúde privada e pública devido à Covid-19. O documento foi assinado por procuradores da República de 24 estados e do Distrito Federal.

“A questão de sobrecarga nos sistemas de saúde é uma preocupação desde o início da pandemia e agora principalmente deve-se olhar para estes indicadores como um alerta real. Os dados são muito preocupantes, mas cabe sublinhar que são somente a ‘ponta do iceberg'”, escreveram os procuradores da República.

O MPF diz que “no momento”, entre as 27 capitais do país, 20 estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 acima de 80%: Porto Velho (100%), Rio Branco (93%), Manaus (92%), Boa Vista (82%), Belém (84%), Palmas (85%), São Luís (91%), Teresina (94%), Fortaleza (92%), Natal (94%), João Pessoa (87%), Salvador (83%), Rio de Janeiro (88%), Curitiba (95%), Florianópolis (98%), Porto Alegre (80%), Campo Grande (93%), Cuiabá (85%), Goiânia (95%) e Brasília (91%).

“A possibilidade de ampliação de leitos de UTI existe, mas não é ilimitada. Entre outros elementos, se impõem a necessidade de equipes altamente especializadas para dar conta de cuidados críticos. Também vale explicitar que, neste momento, em alguns estados brasileiros, as taxas no setor privado estão até mais elevadas do que as do SUS”.

Os procuradores da República afirmam, ainda, que “a adoção de medidas restritivas por gestores estaduais e municipais não afasta a atribuição, tampouco a obrigatoriedade de atuação, do gestor federal”. Nesta quinta, governadores de 14 estados pediram ao presidente Jair Bolsonaro que adote medidas e procure organismos internacionais a fim de adquirir mais doses de vacinas.

No entanto, mais cedo, o presidente usou os termos “mimimi” e “frescura” ao criticar novamente as medidas adotadas diante da pandemia da Covid-19. Ele fez o comentário durante um evento em que participou em São Simão, sudoeste de Goiás, um dia após o estado ter registrado recorde de mortes pela doença.

“Vocês não ficaram em casa. Não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”, disse o presidente.

A SEGUNDA CARTA DOS GOVERNADORES

 

 

 

 

JORGE RORIZ