Sérgio Bruno: ‘ o nome disso não é ajuda é propina, corrupção’

Integrante do Ministério Público, o promotor e coordenador da  da Lava Jato em Brasília,  Sérgio Bruno Fernandes,   destacou   que os pagamentos que a Odebrecht fez a políticos eram corrupção. E que isso desviava dinheiro da construção de hospitais e escolas.

No depoimento Emílio Odebrech disse:

Eu não mandei pagar é… olhe… pague cem aqui, paga… Em hipótese alguma. Olha, foi me pedido ajuda, você atenda, negocie e isso…
Sérgio Bruno: Essa ajuda se chama propina, só pro senhor saber.
Emílio: Tá perfeito.
Sérgio Bruno: Tá? É propina. Se o senhor tiver que pegar o carro do senhor aqui e for viajar até Salvador, parar em uma blitz e um guarda de trânsito pedir uma ajuda, o senhor vai achar que isso é ajuda? Ou vai achar que isso é uma propina? O guarda de trânsito parou o senhor. Ele tem o poder ali de rebocar o carro do senhor, multar o senhor ou, se o senhor estiver certo, seguir viagem. Mas ele tá ali com o poder, ele pede uma ajuda para o senhor. É correto isso?
Emílio: Não. Não, é correto.

Na delação, Emílio Odebrecht dizia que o dinheiro pago pela Odebrecht era apenas uma ajuda, o promotor Sérgio Bruno argumentou:

“Eu vou depois mostrar pro senhor o Código Penal, diz assim: corrupção, solicitar, não precisa nem receber. Solicitar e receber um não na cara, já praticou o crime. Então, é só para a gente se situar e botar o pé no chão porque até agora a gente está falando de muita coisa boa e tem coisas boas. Eu não nego isso. Mas do mesmo jeito que o senhor quer ressaltar as coisas boas, eu sou obrigado aqui a trazer o lado podre, o lado ruim.

“Se esse guarda de trânsito que foi lá e pediu uma cervejinha ou pediu uma propina para liberar o senhor para seguir viagem, pouco importa se ele vai usar esse dinheiro para doar ou para comprar comida para a filha dele, o que seria nobre, mas ilícito ainda assim. Ou se ele vai gastar na boate. Isso é corrupção do mesmo jeito.”

Sérgio Bruno é promotor há 16 anos. Participou  da investigação que prendeu o ex-governador José Roberto Arruda, em 2009, investigou o ex-senador Luiz Estevão e o ex-governador Joaquim Roriz.
Comandou a busca na casa do senador Fernando Collor e também na residência oficial da presidência da Câmara dos Deputados,  quando o ex-deputado Eduardo Cunha, ocupava a presidência.

Participou da prisão do ex-senador Delcídio do Amaral E negociou a delação premiada dele.

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JORGE RORIZ