Sessenta mil assassinatos por ano no Brasil

 

59.080 pessoas assassinadas no Brasil. 28,9 mortes a cada 100 mil habitantes. Esse é o quadro revelado pelo Atlas da Violência elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com base em informações de 2015. A partir de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, e registros policiais publicados no Décimo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o estudo mostra uma situação alarmante no país, que pelo segundo ano seguido se mantém estável no patamar de quase 60 mil homicídios anuais.

Em 2014, foram registrados 59 mil 627 assassinatos, um recorde no país. Nos primeiros anos da década, a faixa de assassinatos por ano ficava entre 48 e 50 mil. O ex-secretário nacional de Segurança Pública, coronel José Vicente da Silva Filho, acredita, no entanto, que o quadro atual deve ser ainda pior: “nesse período, houve esse acréscimo brutal na quantidade de homicídios, não tivemos nenhum programa com solidez e com continuidade, e, nesse último ano coberto por este levantamento do Ipea, nós tivemos uma piora do quadro. Com o aumento da crise fiscal dos estados, o que era ruim tende a ser pior”, avalia.

O Rio Grande do Norte foi o estado que teve a maior alta na taxa de homicídios em dez anos. Entre 2005 e 2015, o aumento foi de 232%. Ao todo, seis estados apresentaram avanço superior a 100% no número de assassinatos, todos nas regiões Norte e Nordeste. Os dados consolidam uma mudança de paradigma, já que o Sudeste concentrava os maiores índices de homicídios até a década de 90. O levantamento do Ipea mostra que estados como Rio e São Paulo saíram de cerca de 30 mortes a cada cem mil habitantes pra menos de 20 em dez anos. Os paulistas diminuíram a taxa de assassinatos em 42% no período. Já a região Sul apresentou estabilidade entre 2005 e 2015.

De acordo com o Atlas da Violência, 53,8% dos crimes atingem homens de 15 a 19 anos, mostrando que jovens são as maiores vítimas da violência. O estudo mostra ainda que de 2005 a 2015, houve um crescimento de 18,2% na taxa de homicídio de pessoas negras. Os assassinatos de não-negros, por outro lado, diminuíram 12,%. Com isso, em dez anos, a diferença entre o número de mortes de negros e o de pessoas de outras raças subiu para 34,7%.

Informações da CBN/IPEA

 

Em apenas três semanas de 2015, o total de assassinatos no Brasil supera o número de mortes em decorrência de todos os ataques terroristas no mundo nos primeiros cinco meses deste ano. A comparação foi feita no estudo Atlas da Violência 2017, divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Aplicada) –a publicação analisa dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que traz informações até ano de 2015.

O número de homicídios no Brasil subiu 22,7% no período de 2005 a 2015. Foram 59.080 casos registrados há dois anos contra 48.136 em 2005. Homens, negros, jovens e com baixa escolaridade são as principais vítimas. O estudo definiu o número como “exorbitante”.

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O pesquisador do Ipea, Daniel Cerqueira, comparou os homicídios no Brasil às mortes ocorridas em razão do terrorismo.
 
“Apenas em três semanas são assassinadas no Brasil mais pessoas do que o total de mortos em todos os ataques terroristas no mundo nos cinco primeiros meses de 2017 e que envolvem 498 casos, resultando em 3.314 vítimas fatais.”
 
A diretora do Fórum de Segurança, Samira Bueno, destacou que os números refletem um cenário de guerra no Brasil e comparou as mortes à guerra do Vietnã.
 
“Em 20 anos, entre 1955 e 1975, morreram 1,1 milhão de pessoas no Vietnã. No Brasil, em 20 anos, entre 1995 e 2015 morreram 1,3 milhão. As 59.080 vítimas de homicídio em 2015 representam 161 mortos por dia.” (UOL)

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JORGE RORIZ