Só após receber os defensores do “tratamento”, Pazuello concluiu que Ozônio no ânus não cura Covid

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu na última segunda-feira, 3, defensores do uso do ozônio como forma de tratamento para o novo coronavírus.
A prática ganhou notoriedade após o prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni, defender a aplicação de ozônio, pelo ânus, em casos que tiveram diagnóstico do novo coronavírus.

Após receber defensores do ozônio retal, Saúde não recomenda tratamento O Ministério da Saúde informou, por meio de sua assessoria, que o efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavírus (Sars-Cov-2) ainda é desconhecido e não deve ser recomendado.

Médicos também analisam com preocupação a aplicação retal de ozônio como tratamento para pacientes com covid-19. “Esta medida tem nenhuma evidência científica.

Até o momento, não temos nenhum medicamento comprovadamente eficaz e seguro nem para a prevenção nem para o tratamento da doença”, afirma Leonardo Weissmann, consultor da SBI.

Segundo o infectologista, ações preventivas continuam sendo fundamentais para reduzir o número de casos. “Medidas de distanciamento de 1,5 a 2 metros entre as pessoas, o uso de máscaras de proteção facial por todos, além de lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou usar o álcool gel a 70%”.

“Se alguém sugere algum tratamento fora do usual, precisa ter justificativa técnica que explique o tratamento. Os experimentos com ozônio não tem nenhuma base científica ou lógica que consigam explicar sua ação no coronavírus”, avalia Lauro Ferreira Pinto Neto, infectologista da SBI e professor da Santa Casa de Vitória.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) afirmou que médicos estão proibidos de prescrever ozonioterapia dentro de consultórios e hospitais por força de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM 2181/2018).  “A exceção pode acontecer em caso de participação dos pacientes em estudos de caráter experimental, com base em protocolos clínicos e critérios definidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa”, indicou o órgão em nota.

JORGE RORIZ