“Mas há citações que sugerem atos ilícitos na PGR e no Supremo, de forma clara e transparente.”
Em um pronunciamento na sede da Procuradoria Geral da República (PGR), o chefe do Ministério Público informou a jornalista que os investigadores obtiveram na última quinta-feira (31) áudios, com conteúdo que ele classificou de “gravíssimo”, nos quais um dos donos da empresa, Joesley Batista, conversa com Ricardo Saud, diretor institucional da J&F e um dos delatores do Lava Jato.
A medida, destacou Janot, atinge três dos sete executivos da empresa que fecharam a delação.
Determinei hoje [segunda] a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crime no processo de negociação para assinatura do acordo de delação no caso JBS. Áudios com conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal na semana passada, precisamente, na quinta-feira, às 19h”, afirmou Janot na entrevista concedida no auditório da PGR, em Brasília.
“A eventual rescisão não invalida as provas até então colhidas. Se a culpa do colaborador ensejar a rescisão do acordo, ele perde todos ou alguns dos benefícios e o Estado aproveita todas as provas. Isso é o que diz a lei e essa é a responsabilidade dos colaboradores. Ao final do processo penal, será verificada a eficácia [do acordo]”, esclareceu Janot.
Na gravação, informou o procurador, há relato de conduta criminosa por parte do ex-procurador da República Marcelo Miller, auxiliar próximo de Janot que deixou o Ministério Público neste ano para atuar em um escritório de advocacia que atende a JBS. Posteriormente, ele foi desligado da banca.
Na PGR, ele trabalhou como auxiliar direto de Janot por três anos, inclusive, em casos ligados à Operação Lava Jato.
“Se [Miller] descumpriu a lei nas suas funções deverá pagar por isso. Qualquer pessoa que vier a ter descumprido deverá pagar. Não há ninguém que esteja a salvo da lei”, completou em seguida.
https://youtu.be/Gi1ay04H4Tc