Virologista lança a hipótese de que a Coronavac combate mais a Delta do que outras vacinas

70% dos novos diagnósticos do coronavírus já são de pessoas infectadas pela variante Delta, informou a prefeitura nesta quinta-feira (2)

“Apesar da presença da variante na cidade, o número de casos não apresentou curva de crescimento significativa e, por isso, não oferece risco de impacto sobre a rede de saúde pública da capital”, disse a Prefeitura de São Paulo em nota.

O comportamento da variante Delta no Brasil, em especial em São Paulo, tem sido diferente do que foi observado em outros locais, afirma em entrevista ao R7 o virologista José Eduardo Levi, chefe da unidade de biologia molecular da rede de saúde integrada Dasa e pesquisador do IMT-USP (Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo).

“A gente tem uma situação totalmente peculiar aqui no Brasil em relação ao aumento do número de casos. Se for olhar Israel, Estados Unidos e Reino Unido claramente estão vivendo uma terceira onda por Delta, caracterizada por um aumento grande do número de casos.”

Levi tem duas suspeitas não confirmadas científicamente para explicar o fenômeno. “Nós tivemos uma incidência muito alta de Gama [variante descoberta em Manaus] em março e abril. Não tem nada provado. Eentualmente, a resposta natural para Gama te dá uma proteção cruzada para Delta maior do que outras respostas naturais, por exemplo, para Alfa, lá no Reino Unido.”

A outra possibilidade, acrescenta ele, envolve uma vacina não utilizada nos países citados: a Coronavac.
“A Coronavac, que foi a vacina mais utilizada aqui, tem uma proteção maior para Delta do que as vacinas de RNA mensageiro que foram usadas em Israel e nos Estados Unidos.”

PAÍSES QUE USARAM CORONAVAC FORAM MENOS AFETADOS PELA DELTA

Na América do Sul, além do Brasil, o Chile, Colômbia e Peru, países que viveram picos de infecções neste ano, também não enfrentam alta de casos impulsionada pela variante Delta.

“O Chile chama atenção porque é um país que usou basicamente Coronavac também. E tem duas variantes que predominam lá. Apesar de terem sido detectados casos de Delta, lá ela não predominou. Eles têm a variante andina, que é a Lambda, e a variante colombiana, que é a Mu, já classificada como de interesse [pela Organização Mundial da Saúde].”

Um ponto fora da curva é o Estado do Rio de Janeiro que aumenta os índices após a Delta.

JORGE RORIZ