Wagner pode ferrar Dilma?

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Jorge Serrão – serrao@alertatotal.net

É insustentável a manutenção no cargo do Ministro da Casa Civil. Jaques Wagner, homem de confiança de Lula que vinha tirando onda de porta-voz do desgoverno, cometendo sincericídios contra Dilma Rousseff, tem grandes chances de entrar, oficialmente, na nada ilustre lista negra de investigados pela Lava Jato. Assim, quem está escalado para apagar o incêndio do impeachment da Dilma é quem pode terminar politicamente incinerado.

A bronca que agora estourou contra Wagner é apenas o prenúncio do que deve explodir, finalmente, contra José Sérgio Gabrielli – ex-presidente da Petrobras e ex-Secretário de Planejamento do governo da Bahia, na gestão wagneriana. Qualquer bebum de botequim pé-sujo sabe que, se Gabrielli for duramente atingido, quem dança é Lula. Além disso, como Dilma era a “Presidente” do Conselho de Administração da Petrobras, na gestão Gabrielli, o bicho também pode pegar para ela.

Os baianos só querem que Jaques Wagner explique, direitinho, como conseguiu o dinheiro (R$ 500 mil) para integralizar a compra de um apartamento no edifício Victory Tower, no Corredor da Vitória, área ultra-nobre da capital baiana. Wagner alegou que pagou R$ 1 milhão 450 mil pelo apartamentão, depois de vender, por R$ 900 mil, um outro imóvel da família a um então assessor, Antônio Celso, além de pegar meio milhão emprestado com seu irmão. São estes quinhentos paus que entram agora na berlinda.

A Dilma sem-noção e popularidade terá muita dificuldade para sustentar a subjetiva opinião de que não vê gravidade nas denúncias contra Wagner. O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, também acabará forçado pela realidade a reconhecer que Wagner tem de ser investigado, mesmo ocupando um dos cargos mais poderosos do Palácio do Planalto, pela proximidade com a Presidenta. Mais uma vez, vai ficar complicado pegar apenas no pé de Eduardo Cunha – evitando mexer com outros poderosos.

O delator premiado Nestor Cerveró é a testemunha ocular para detonar Wagner. Foi o ex-diretor Industrial da Petrobras, condenado na Lava Jato, quem revelou que José Sérgio Gabrielli teria desviado dinheiro da Petrobras para a campanha de Wagner ao governo da Bahia, em 2006. A única ressalva é que Cerveró alegou que não poderia provas a denúncia, pois teria ouvido a bombástica revelação de duas pessoas ligadas a Gabrielli: a ouvidora geral da Petrobras, Maria Augusta, falecida em 2006, e Armando Tripodi, dirigente do Sindicato dos Petroleiros da Bahia.

Quem tem efetivo potencial para ferrar Jaques Wagner é o ex-presidente da construtora OAS, José Aldemário Pinheiro Filho. Mais conhecido como Léo Pinheiro, ele já está condenado a 16 anos e quatro meses de reclusão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, e curtindo a gelada cadeia em Curitiba. O dirigente da empreiteira do blindadíssimo Cesar Mata Pires (famoso ex-genro do falecido ACM) acabou condenado pelo teor de documentos e troca de mensagens com dirigentes da OAS, sempre se referindo a negócios com políticos de ponta.

Foi Léo Pinheiro quem se referiu ao ex-presidente Lula pelo apelido de “Brahma”. Foi com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tratou de doações eleitorais. O mesmo assunto discutiu com Edinho Silva, quando o hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social da Dilma era tesoureiro da campanha presidencial dela. Léo Pinheiro complica Jaques Wagner por ter pedido a ele a intervenção do então governador da Bahia para a liberação de uma verba retida pelo Ministério dos Transportes. Entre 2008 e 2014, o Grupo OAS desembolsou R$ 197 milhões em campanhas eleitorais.

Agora, a situação se complica. A OAS, endividada até a medula, está em recuperação judicial. E, depois das recentes denúncias, é Wagner quem vai precisar operar o milagre de recuperar a credibilidade para permanecer na Casa Civil da Presidência da República – que mais parece um cargo maldito para a petelândia. Por lá passaram: José Dirceu, Antônio Palocci, Erenice Guerra, Gleise Hoffmann, Aloísio Mercadante e a própria Dilma. Será coincidência que tantos responsáveis pelo meio-campo do desgoverno estejam condenados ou investigados judicialmente – até agora com a exceção da Dilma?

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JORGE RORIZ